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    CRÍTICA

    'The Wall'é produção para fãs e nem tão fãs de Roger Waters

    FABIO MARRA
    EDITOR DE "FOTOGRAFIA"

    29/09/2015 02h20

    Roger Waters tinha 36 anos quando, em 1979, fez "The Wall" com Bob Ezrin, David Gilmour e James Guthrie, um dos mais influentes e mais vendidos álbuns da banda inglesa Pink Floyd.

    Waters não para e, 36 anos depois, revive as emocionantes letras e as memoráveis cenas de fantasias do longa "Pink Floyd The Wall", dirigido por Alan Parker em 1982.

    Desta vez o filme é uma bem cuidada edição da turnê "Roger Waters "" The Wall" (2010-2013), que passou pelo Brasil e foi vista no mundo por mais de 4 milhões de pessoas.

    Um avião avança sobre o público. É o começo da ópera-rock com reminiscências da Segunda Guerra Mundial e de tragédias recentes.

    É Waters quem conduz o enredo do filme. Num cenário manchado pelo sangue da iluminação avermelhada, caminha pelo palco com sapatos brancos, sugerindo paz.

    Odd Andersen/AFP
    British musician and founding member of Pink Floyd, Roger Waters performs on stage during his "The Wall" show at the Olympic stadium in Berlin on September 4, 2013 AFP PHOTO / ODD ANDERSEN ORG XMIT: 858
    Waters em show da turnê "The Wall" em Berlim

    Pessoas de todo o mundo que foram vítimas do terror ou de ações desastrosas de autoridades políticas e policiais surgem no telão. Entre eles, o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto pela polícia de Londres no metrô, confundido com um terrorista

    Quem presenciou algum dos shows da turnê se surpreende no filme com o drama familiar do músico inglês, apenas sugerido no palco, mas escancarado na tela.

    No longa, Waters entra em um cemitério e toca uma corneta cujo som marca o adeus a soldados mortos em combates. Entre as lápides, aparecem as do avô, que morreu na Primeira Guerra, quando o pai de Waters tinha dois anos, e também a de Eric Fletcher Waters, pai do músico, morto na Segunda Guerra, quando o cantor tinha cinco meses.

    Efeitos visuais e sonoros, uma das marcas do espetáculo, estão mantidos. São fortes e chocantes e guiam sobretudo a solidariedade às vítimas das guerras, da fome, da loucura de mandatários obcecados pelo poder, do apartheid.

    Consagra o que os shows da turnê apresentaram: flashes sobre acontecimentos históricos mostrados em animações computadorizadas, cujos movimentos são determinados pela música.

    Na plateia, o público jovem chama a atenção. São fiéis ao trabalho de Waters, que em 1965, com os colegas Syd Barrett, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright, fundou o Pink Floyd.

    "Roger Waters - The Wall" é uma produção para fãs e para não fãs de Waters e do Pink Floyd, dissociados no papel, mas não na essência.

    A produção prende a atenção, faz refletir, assusta, constrange, leva a sentir vergonha alheia, faz chorar os sensíveis. A edição e as montagens são impecáveis. E a trilha sonora... Estamos falando de "The Wall", álbum que consagrou o Pink Floyd e Waters.

    ROGER WATERS - THE WALL
    DIREÇÃO Sean Evans e Roger Waters
    PRODUÇÃO Reino Unido, 2014, 12 anos
    QUANDO estreia nesta terça (29)

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