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    Moda

    Em Paris, estilistas disputam 'likes' de olho no futuro da moda

    PEDRO DINIZ
    ENVIADO ESPECIAL A PARIS

    05/10/2015 02h34

    Há um clima de despedidas e recomeços nesta semana de moda de Paris. E isso não tem a ver com o último desfile de Alexander Wang à frente da grife Balenciaga. O grande assunto desta temporada de verão 2016 é o papel da moda e dos estilistas no futuro próximo.

    Não cabe mais aos designers definir as "tendências da temporada", mas, sim, mostrar diferentes visões sobre o que a mulher pode querer usar de sua grife predileta.

    A passarela se transformou num emaranhado de referências à "roupa do futuro", e talvez a melhor definição dessa lógica tenha sido a da Dior, sob a batuta de Raf Simons.

    Nas roupas do estilista belga não há referência clara a décadas específicas, apenas uma memória distante da era vitoriana, quando as mulheres usavam camadas e mais camadas de tecidos. Essas camadas apareceram em pequenas obras de arquitetura –um complexo jogo de alfaiataria difícil de ser copiado.

    O ponto entre o masculino e o feminino, fundamental no novo manual da moda, está representado por jaquetas que remetem ao clima militar adotado nas ruas, um provável reflexo do noticiário sobre a guerra síria e a crise dos refugiados na Europa.

    Parcas de cetim recebem linhas sólidas e se sobrepõem a delicados shorts de linho com recortes geométricos na barra. Os vestidos, nada simples apesar de minimalistas, têm fendas ovais preenchidas com um delicado trabalho em renda.

    A imagem de feminilidade proposta nos looks parece frágil e romântica, mas o estilista se distancia do ideal adocicado do tema.

    O desfile é muito mais de Simons do que da Dior, manobra perigosa quando a moda vive a era das marcas, na qual estilistas se transformaram em arquitetos a serviço de empresas que precisam gerar burburinho. Wang não conseguiu e pagará com o cargo na Balenciaga.

    BALMAIN NA REDE

    Talvez por isso o exibicionismo de Kim Kardashian, socialite americana e rainha das "selfies", seja o mote implícito no verão da Balmain.

    Alheio à cartilha das tendências, embora na coleção haja alguns ombros de fora, truque de estilo que já vem desde a semana de moda de Nova York, o estilista Olivier Rousteing investe em decotes geométricos, comprimentos mídi e rendas com pedrarias.

    Mestre na arte de causar furor nas redes sociais, o estilista potencializa a noção de "cada grife no seu lugar" ao criar um clube particular de estrelas da internet que postam tudo relacionado à marca em suas contas no Instagram. Kim Kardashian, Kendall Jenner (meia-irmã de Kim) e a "bombshell" Gigi Hadid estão na caldeirada da Balmain.

    No atual jogo da moda, ganhará quem tiver mais 'likes'.

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