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    Fotógrafo americano lança livro sobre guerra na Líbia

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    05/10/2015 02h00

    "Libyan Sugar" (açúcar líbio), o grafite num muro de Trípoli, capital do país então comandado pelo ditador Muammar Gaddafi, era um amargo lembrete do que Michael Christopher Brown, 37, veria pela frente. O picho virou nome de seu recém-lançado livro (US$ 52,50 na Amazon) sobre os meses de 2011 em que registrou a guerra no país.

    Entre as imagens publicadas pelo fotógrafo da agência Magnum, há desde protestos em que uma mulher aponta uma arma contra a cabeça de um boneco de Gaddafi até o cadáver do ditador morto em outubro daquele ano.

    Seu corpo ficou dias exposto à visitação num frigorífico de Misrata, cidade controlada por rebeldes. Só sua cabeça ensanguentada aparece; o resto está envolto por um coberto de estampa de zebra.

    Michael Christopher Brown
    Marca de um cadáver sobre maca em hospital na Líbia, em foto de 2011
    Marca de um cadáver sobre maca em hospital na Líbia, em foto de 2011

    As fotos foram tiradas com um iPhone, pois Brown derrubou a câmera dias após chegar à Líbia. Com seu "modus operandi" inusual, chegou a ser acusado por um canal de TV francês de ser espião.

    "Era suspeito para eles, um cara americano de camisa preta, lá no front, tirando fotos com celular", conta à Folha. Deduziram que estava à procura de potenciais alvos para EUA e Otan bombardearem.

    Há enquadramentos agridoces no livro, como o momento em que os amigos fotógrafos Guillermo Cervera e Tim Hetherington, sorridentes, se preparam para dormir. Isso dias antes de Brown perder metade do sangue do corpo, alvejado por um morteiro.

    O mesmo ataque matou Tim e Chris Hondros e feriu Cervera, em abril de 2011. "Estávamos na mira ou foi um atentado aleatório?", Brown questiona em páginas de seu diário reproduzidas no livro.

    Vários líbios foram mortos naquele dia –o que não pareceu interessar tanto à mídia global. "Bom, essa é a história das guerras modernas. As vítimas ocidentais sempre ganham mais atenção."

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