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    J.P. Cuenca esmiúça a própria morte em ficção documental

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    08/10/2015 02h08

    "Já que eu morri, vou usar isso como pretexto para ser sincero", diz o escritor João Paulo Cuenca, colunista da Folha, que exibe no Festival do Rio nesta quinta (8) sua primeiro empreitada no cinema, "A Morte de J.P. Cuenca".

    O filme, híbrido de documentário e narrativa ficcional experimental, parte de um fato ocorrido em 2008: a descoberta de um corpo num edifício invadido na Lapa carioca, que foi identificado pela polícia com a certidão de nascimento de Cuenca.

    O evento insólito fez o autor abandonar o livro que escrevia para esmiuçar o caso –o estofo originou o romance "Descobri que Estava Morto", que, como o filme, tem lançamento para 2016.

    "Um não é adaptação do outro; são obras que se complementam", explica o autor de "O Dia Mastroianni".

    Divulgação
    Cena do filme "A Morte de J P Cuenca" Crédito Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    J. P. Cuenca em cena de seu filme

    Para rodar o longa, ele contou com os cineastas Felipe Bragança e Marina Meliande, que produziram o filme. "O roteiro só tinha uma linha de diálogo. O resto tem a espontaneidade do que acontecia na hora", diz Cuenca.

    O escritor carioca filmou sua interação com os tipos envolvidos no caso: um detetive particular, um ex-delegado, um agente funerário.

    Com cenas filmadas nos escombros do elevado da Perimetral, o longa esbarra numa questão que Cuenca já trabalhou em obras anteriores: a ocupação urbana.

    "O roubo da minha identidade aconteceu na Lapa, bairro mais simbólico do Brasil. E as cidades brasileiras sofrem de uma crise crônica de identidade: é a selvageria que expulsa as pessoas de casa para sempre se construir uma coisa nova no lugar."

    A própria performance do escritor, que se deixa levar pela espontaneidade do que acontece em frente à câmera (é agarrado num bloco de rua, recebe ameaça ao telefone), é fator central no longa.

    "Já falei para mais pessoas em festivais literários do que para as que efetivamente leram meus livros. Elas compram a performance do autor, não a obra. Já que querem a performance, vou transformar esse incômodo em arte", diz.

    A MORTE DE J.P.CUENCA
    QUANDO qui. (8), às 21h30
    ONDE Cinépolis Lagoon, av. Borges de Medeiros, 1.424, tel. (21) 2512-3002

    O jornalista GUILHERME GENESTRETI viajou a convite do Festival do Rio

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