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    Crítica

    Nove anos depois, David Gilmour volta com álbum ambicioso

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    12/10/2015 02h12

    Basta uma nota para o fã do Pink Floyd identificar o guitarrista: aos 40 segundos da instrumental "5 A.M.", que abre o novo disco solo de David Gilmour, "Rattle that Lock", há um solo que é puro Gilmour –lento, bonito e grandioso. Poucos guitarristas têm um som tão peculiar.

    "Rattle that Lock" é o quarto disco da carreira solo de David Gilmour e o primeiro em nove anos. Surge um ano depois do canto do cisne do Pink Floyd, "The Endless River", um tributo a Rick Wright, o tecladista que morreu em 2008. "The Endless River" era quase todo instrumental e formado, basicamente, por sobras de estúdio do LP "The Division Bell" (1994), do Pink Floyd.

    Parecia um trabalho até preguiçoso, como se Gilmour, que há 30 anos mandava e desmandava na banda –desde a saída de Roger Waters, em 1985– se visse obrigado a pôr um ponto final na carreira do Floyd.

    "Rattle that Lock" é o oposto: um disco ambicioso e de produção grandiosa, cheio de convidados ilustres, como o ex-Roxy Music Phil Manzanera e o compositor polonês Zbigniew Preisner, que fez os arranjos orquestrais. E são poucos os artistas no mundo que podem se dar ao luxo de ter um duo como David Crosby e Graham Nash, do grupo Crosby, Stills, Nash & Young, ajudando nos vocais.

    Gilmour sempre foi um mestre em canções épicas repletas de momentos intimistas. Quantas do Floyd não começavam soando espartanas e confessionais, só para cair em refrões ribombantes, daqueles que oitenta mil pessoas cantavam em estádios?

    "Rattle that Lock" traz alguns momentos de pura opulência floydiana: "Faces of Stone" começa como uma valsa, em que a voz de Gilmour soa incrivelmente parecida com a de Leonard Cohen, só para virar, no fim, um épico progressivo, com um solo de guitarra grandioso.

    "Dancing Right in Front of Me" e "In Any Tongue" são baladas –com letras de Polly Samson, mulher de Gilmour– feitas para o público cantar junto. O disco traz também momentos mais pop, como a faixa-título e "Today", duas mais aceleradas e com pinta de hits de rádio.

    David Gilmour tem 69 anos, está na estrada há mais de 50, e sabe o que o público espera dele. "Rattle that Lock" vai agradar a seus fãs

    RATTLE THAT LOCK
    ARTISTA David Gilmour
    GRAVADORA Sony/BMG
    QUANTO R$ 58,90

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