• Ilustrada

    Saturday, 18-May-2024 14:16:37 -03

    CRÍTICA

    Enigmático, 'Amor' de Michael Haneke é boa pedida na TV nesta terça

    INÁCIO ARAUJO
    CRÍTICO DA FOLHA

    13/10/2015 17h10

    SEGUNDA-FEIRA (12)

    É uma pena que "A Mulher de Todos" (1969, TV Brasil, 0h30) seja o segundo filme de Rogério Sganzerla e, já, um final de ciclo: havia ali a tentativa de introduzir um cinema que fosse ao mesmo tempo comercial e questionador, barato e de alta linguagem.

    Talvez não haja muita história a resumir: acompanhamos as aventuras amorosas de Angela Carne e Osso (Helena Ignez). Cada aventura é manifestação de um espírito livre, pouco afeito a aceitar a repressão. O desafio e o humor andavam juntos, diga-se.

    Como esperar que, com a ditadura a toda, como aconteceu desde 1969, um tal tipo de proposta fosse prosseguir? Filme que se abre para uma frustração que não diz respeito apenas a esse cineasta, mas à dificuldade de implantar uma cinematografia brasileira.

    Na falta,há um grande que o cinema americano, tão à vontade no mundo, produziu: "O Homem que Matou o Facínora" (1962, TC Cult, 22h), de John Ford.

    Divulgação
    ORG XMIT: ERT123 ERT123 CANNES (FRANCIA), 10/01/2013.- Fotograma sin fechar facilitado por la organización del Festival de Cine de Cannes el 20 de mayo de 2012 y reemitida hoy, jueves 10 de enero de 2013, que muestra a la actriz francesa Emmanuelle Riva en una escena de la película "Amor", del director austriaco Michael Haneke. "Amor" ha sido nominada al Óscar a la mejor película, según el anuncio realizado en el teatro Samuel Goldwyn de Beverly Hills, California, EE.UU., hoy, jueves 10 de enero de 2013. La 85 edición de los Óscar se celebrará en Hollywood el próximo 24 de febrero. EFE/-. SÓLO USO EDITORIAL. PROHIBIDA SU VENTA
    Cena de "Amor", longa dirigido por Michael Haneke

    TERÇA-FEIRA (13)

    "Amor" (2012, Arte1, 0h) é um filme enigmático. Ali estão dois idosos, Trintignant e Emmanuelle Riva (ou Georges e Anne) que vivem um para o outro, amparam-se, cuidam-se.

    É quase impossível deixar de indagar: desde quando as coisas são assim? Trata-se, é evidente, de dois solitários, mas por que seria assim? Os amigos já morreram ou nunca tiveram amigos?

    Existe algo de bem francês nesse casal: a autossuficiência, as ligações familiares sumárias etc. É certo que, por uma vez, Michael Haneke trabalha mais com as afinidades, com aquilo que aproxima as pessoas do que com o que as distancia.

    Mesmo assim, ele nos deixa curiosos sobre quem foram essas pessoas. Sabemos apenas quem são: pessoas que se aproximam do fim. Existe algo de mórbido, sempre, em Haneke.

    Numa boa semana do cinema brasileiro, um policial de primeira linha: "O Assalto ao Trem Pagador" (1962, Canal Brasil, 19h).

    QUARTA-FEIRA (14)

    Logo que se abre, temos um cavalo que atravessa, veloz, a paisagem. E depois uma mulher que desce e se dirige a uma casa em ruínas. Ali ela encontra um homem que a espera. E a dúvida: ele foge ou vai ao ataque? Ela pode acompanhá-lo ou não?

    Assim começa "Sua Única Saída" (1947, TC Cult, 20h). Em um minuto Raoul Walsh, bem à sua maneira, já nos leva ao coração da ação, ali onde o filme pulsa.

    Não que seja sempre assim, mas, sabe-se, Walsh gostava desses heróis tormentosos. E tormenta é o que não falta neste faroeste. Se o homem (Robert Mitchum) está nessa casa em ruínas é porque na sua infância algo de muito especial aconteceu. Algo que ele esperou anos e anos para recuperar na memória e, agora, enfrentar. Filme de antologia.

    À tarde, quem se impõe são os encantos de "Um Mundo Perfeito" —ninguém esquecerá dos encantos de "Um Mundo Perfeito" (1993, Paramount, 16h30), de Clint Eastwood.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024