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    Com alta do dólar e consumo fraco, grifes devem retomar exportações

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    18/10/2015 02h00

    Alta do dólar e queda no consumo impulsionam algo que estava fora da moda no Brasil desde a crise dos EUA, em 2008: as exportações.

    O último levantamento da Abit (Associação Brasileira da Indútria Têxtil e de Confecção), dá conta de que, em 2014, os itens de vestuário exportados, sem contar as fibras de algodão, resultaram em quase R$ 4 bilhões em peças enviadas ao exterior.

    É numa parcela pequena de empresas, responsável por quase R$ 350 milhões desse número, que a moda brasileira fia um caminho de posicionamento de sua imagem no mercado internacional.

    A Abit e a Abest (Associação Brasileira dos Estilistas), financiadas pela Apex-Brasil, órgão do governo federal de estímulo às exportações, criaram programas que abrem espaço para marcas e estilistas mostrarem a "brasilidade" em feiras de negócios.

    O mais recente deles é o Fashion Label Brasil. O selo reúne 119 marcas e estilistas, como Alexandre Herchcovitch, Vitorino Campos e Amir Slama, com a meta de formar uma plataforma de moda com potencial exportador.

    "Numa cadeia produtiva como a de moda, que se profissionalizou, temos de buscar a diferenciação, o que nos distingue dos outros", diz André Limp, supervisor de projetos setoriais da Apex.

    Essa diferenciação, segundo o executivo, tem a ver com a matéria-prima artesanal aplicada nesses produtos tipo exportação. "A biosustentabilidade, a mulher empreendedora e a moda praia são segmentos que a Apex está desenvolvendo", diz.

    O aumento do dólar pode turbinar o faturamento das empresas de moda, mas "o desafio é fazer as marcas se internacionalizarem como estratégia de longo prazo, e não como uma rota de fuga para compensar as perdas no varejo interno", afirma Limp.

    Caso desse comprometimento é a Uma, de Raquel Dawidovicz, que integra o Fashion Label. Ela acaba de abrir a primeira loja da grife fora do país, em Nova York.

    Segundo o sócio e marido de Raquel, Roberto Dawidovicz, a marca se beneficia do seu viés urbano, "que é a cara de Nova York", e do fato de o americano voltar às compras após fase de crise.

    Também presidente da Abest, ele afirma que o câmbio atual facilita a adoção de um preço competitivo. "O da Uma gira em torno de US$ 270 por peça, semelhante ao de uma roupa de marcas de preço médio", diz Dawidovicz, que cita a Calvin Klein como exemplo de concorrente.

    O presidente da Abit, Rafael Cervone, destaca os EUA, a França e o Reino Unido como mercados que melhor recebem o vestuário brasileiro. "No Japão, país aberto a uma moda mais inovadora e sustentável, também encontramos bom mercado", afirma.

    Cervone é responsável pelo programa Texbrasil, que posiciona marcas autorais em salões de negócios e concentra esforços em trazer compradores estrangeiros para o país.

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