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    CRÍTICA

    Grupo de Bortolotto ressuscita no palco realismo com potência

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/10/2015 02h28

    Existe algo excessivo em "O Canal", e não são apenas as calças que seus personagens vestem –todas aparentemente em numeração maior.

    Com texto do americano Gary Richards, o espetáculo de Mário Bortolotto com a companhia Cemitério de Automóveis volta a investir no realismo, seguindo o sucesso de "Killer Joe" (2014).

    As duas peças têm em comum a coragem de assumir um gênero que ficou às bordas do teatro depois que o cinema o potencializou. Verdade que aí está o barato da coisa. Agora que poucos "fazem cinema" no teatro, vale à pena investir nesse verniz vintage, fazer cenas à la Tarantino, só que ao vivo.

    O protagonista é um mecânico tentando se livrar de uma enrascada (interpretado por Carcarah). Ele faz desmanches de carros roubados sob comando de um policial (Bortolotto) e quer deixar a vida bandida. Em cena também estão Dudu de Oliveira (o ladrão e traficante) e Jiddu Pinheiro, proprietário da garagem.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil. Data 05-10-2015. Espetaculo O Canal. Ator Jiddu Pinheiro (jaqueta e calça branca). Teatro Cemiterio de Automoveis. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
    Jiddu Pinheiro no espetáculo "O Canal"

    A direção de Bortolotto é cuidadosa, detalhada no campo cenográfico e na orquestração dos atores. Traça um pequeno desvio em relação ao trabalho anterior, com personagens desenhados para serem agora mais patéticos.

    Repetir o clima não é o problema, mesmo porque a história é outra, e agora há um personagem com potencial para tornar-se herói. Sempre crescente, o suspense desemboca em uma cena de violência que ninguém faz igual no teatro. É evidente que o grupo está estudando essa marca.

    O problema do realismo não são as fórmulas dramáticas, mas o potencial didático, foi só isso o que envelheceu. Perceber da plateia que o ator quis deixar o texto bem claro faz a obra perder um pouco de graça. Em algumas cenas de "O Canal", é esse o caso.

    O CANAL
    QUANDO qua. e qui., às 21h30; até 17/12
    ONDE Teatro Cemitério de Automóveis, r. Frei Caneca, 384, tel. (11) 2371-5743
    QUANTO R$ 30
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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