Teve fofura, interação com a plateia (incluindo fãs no palco), humor britânico e música para dançar e para cantar junto –ou seja, um típico show do Belle and Sebastian, em sua terceira vinda ao Brasil, na noite de sexta (16), no Vivo Rio.

Típico com exceção do chilique histórico que o líder e vocalista Stuart Murdoch deu em cena ao ter problemas com seus vocais enquanto a banda tocava "Allie", uma das canções de seu disco mais recente, "Girls in Peacetime Want to Dance" (2015).

Murdoch interrompeu a execução inesperadamente, atirando seu violão no chão com estardalhaço e pegando-o na sequência apenas para jogá-lo novamente, com raiva, antes de sair do palco, deixando a banda e o público espantados.

Não ficou claro se foi um problema técnico ou uma falha do próprio cantor que causou o piti, ainda na primeira meia hora de show.

	Ricardo Nunes/Divulgação
	Apresentação da banda Belle and Sebastian no Vivo Rio

Ao voltar ao palco, menos de um minuto após ter saído, Murdoch se desculpou. "Perdi minha voz, o que é muito frustrante pra mim", disse, antes de retomar a canção.

Mais tarde, voltaria a falar com a plateia sobre o episódio: "Fica aqui uma lição para vocês: nunca percam a calma como eu perdi. Nós viemos de longe para tocar pra vocês, e já fazia tanto tempo [que a banda não vinha ao pais] que, quando não podemos fazer nosso melhor, é muito frustrante", disse o vocalista, já calmo e levemente constrangido.

"Vou ficar tão triste por ter quebrado meu violão. Minha mulher vai ficar muito triste por eu ter quebrado meu violão", continuou Murdoch. "Não sei se triste é a palavra", debochou o guitarrista Stevie Jackson.

Chilique à parte, a apresentação do sexteto escocês –encorpado por outros quatro músicos de apoio– entreteve o público misturando canções inéditas do álbum mais recente (o nono da banda, lançado em janeiro) e velhos sucessos prediletos dos fãs, indo até o disco de estreia, "Tigermilk" (1996).

O show começou destacando duas das melhores músicas de "Girls in Peacetime Want to Dance": o synthpop de "Nobody's Empire" –com Murdoch no teclado– e a dançante "The Party Line", antes da qual o vocalista perguntou se os fãs estavam "prontos pra dançar?", em português.

"É ótimo estar aqui de novo", continuou Murdoch, na língua local. "Nós lemos todas suas cartas e e-mails. Sentimos por ter demorado a voltar. Somos preguiçosos."

O vocalista monopolizou de tal maneira as atenções –interagindo com o público, saltitando e dançando animadamente– que sobrou pouco espaço para seus colegas se destacarem.

Apenas Stevie Jackson (guitarra) e Sarah Martin (violino e violoncelo) tiveram seus momentos –ele interpretando uma das novas, "Perfect Couples"; ela, cantando "The Power of Three", ao fim da qual foi saudada pela plateia, que gritou seu nome em coro.

Como de praxe, as melhores reações da plateia vieram em canções mais antigas, como "Seeing other People", "Expectations" e "The Boy with the Arab Strap".

Esta, uma das mais animadas do repertório e da noite, ganhou ânimo extra quando Murdoch chamou algo como 15 fãs para dançar no palco. Uma das fãs assumiu os vocais na parte final da canção e não fez feio.

Na volta para o bis, o vocalista desceu para a plateia para saber o que os fãs queriam ouvir: "Get me Away from Here, I'm Dying" foi a resposta; como não estava no repertório, a banda penou um tanto até se encontrar, mas sem prejudicar a alegria de quem ouvia.

"The Blues Are Still Blue", outra benquista pela audiência carioca, encerrou a apresentação de pouco mais de 90 minutos.

Os escoceses fecham sua visita ao Brasil com um show em São Paulo neste sábado (17), no Audio Club, dentro do Popload Festival.

Repertório do show do Rio:

"Nobody's Empire"
"I'm a Cuckoo"
"The Party Line"
"Seeing Other People"
"Expectations"
"Allie"
"Perfect Couples"
"The Stars of Track and Field"
"The Power of Three"
"Sukie in the Graveyard"
"We Rule the School"
"Dog on Wheels"
"The Boy with the Arab Strap"
"Legal Man"
"The State I am In"
Bis:
"Get Me Away from Here, I'm Dying"
"The Blues Are still Blue"