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    Domingos Oliveira encena 'vaudeville de terror' em peça sobre mito do duplo

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE EDITORA-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    23/10/2015 02h25

    De acordo com o mito do duplo –também conhecido como "doppelgänger", na origem alemã–, todos temos um segundo "eu", uma espécie de fantasma de pessoas vivas que expõe nosso lado mau.

    A teoria, com seus contornos psicológicos, já foi tema de diversas obras (como o célebre "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde).

    Para Domingos Oliveira, há também um quê de sonho. "Certa vez sonhei com um mundo de duplos, andava em plena praça da Sé na hora do rush e todos que me cruzavam eram eu mesmo!", conta. "Em outro, no fundo de um bar, alguém com um rosto igual ao meu sorria com o senso de humor do diabo."

    Dali nasceu "Doppelgänger, ou o Mito do Duplo", peça escrita e dirigida por Domingos, que chega a São Paulo após temporada no Rio.

    Gabriel Antunes/Divulgação
    Priscilla Rozenbaum e André Mattos em cena da peça "Doppelgänger, ou o Mito do Duplo", escrita e dirigida por Domingos Oliveira
    Priscilla Rozenbaum e André Mattos em 'Doppelgänger, ou o Mito do Duplo', peça de Domingos Oliveira

    Na trama, o casal de atores Julio (Ricardo Kosovski) e Julia (Priscilla Rozenbaum), com trabalhos de sucesso na TV e no teatro, vive um momento conturbado da relação até que ele decide sair de casa. Mas seu duplo fica.

    Para cuidar do "gêmeo maldoso" de Julio, a atriz contrata um psicanalista (André Mattos), personagem comprometido com o campo da razão, mas ao mesmo tempo um fã que alimenta uma paixão secreta por Julia.

    É um clima de suspense e mistério que guia a narrativa, repleta de paradoxos e a qual Domingos classifica de "vaudeville de terror".

    "As palavras e os personagens intensificados pela paranoia obrigam um ritmo desvairado. Não há saída senão entregar-se a um humor agridoce pleno de situações sinistras baseadas em portas e sofás", explica o diretor.

    Domingos, também muito conhecido por seu trabalho no cinema e na televisão (seu filme mais recente é "Infância"), achou que essa história só caberia no teatro.

    "Se eu fizesse um filme, seria muito mais fácil mostrar, numa mesma visão, o duplo. Mas é muito mais interessante o que acontece no palco com o espectador. Ele não sabe nunca quem está em cena: o duplo ou outro!"

    Há ainda na montagem referências ao próprio teatro, seja na profissão dos personagens, seja no jogo de "máscaras" que fazem entre si.

    "Todas as boas peças de teatro são sobre teatro. Bem sabia o velho Bertolt Brecht", comenta Domingos, que completa: "É o melhor texto de teatro que jamais escrevi".

    DOPPELGÄNGER, OU O MITO DO DUPLO
    QUANDO qui. a sáb., às 20h30; até 14/11
    ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
    QUANTO R$ 7,50 a R$ 25
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

    Edição impressa

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