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    Em temporada de crise, estilistas arriscam pouco em suas coleções

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA
    GIULIANA MESQUITA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/10/2015 02h00

    Em tempos de vacas magras, a top que mais causou burburinho nesta 40º São Paulo Fashion Week era macho e se chamava Nakam, um pastor belga que desfilou sob gritinhos fofos dos convidados da apresentação de estreia da grife Ratier, na sexta (23), último dia de desfiles.

    Boa parte dos estilistas do evento de moda mais importante da América do Sul olhou para detalhes do estilo propagandeado por grifes europeias –ali estavam as mangas exageradas da francesa Céline, o tênis de plataforma da inglesa Stella McCartney e o geek vintage da italiana Gucci.

    Não houve uma Gisele, uma Demi Moore ou uma Paris Hilton que esquentasse essa temporada fria de inverno.

    A "Hollywood da Moda", termo cunhado pela Folha em 2013 para definir os tempos de flashes exaltados da SPFW, deu lugar a looks que agradam uma clientela fashionista que acompanha desfiles internacionais e não poderá pagar pelos cinco dígitos da etiqueta.

    Giuliana Romanno abriu a sexta com uma bela coleção de alfaiataria misturada a elementos decorativos (paetês, veludo e correntes douradas). O minimalismo da grife apareceu mais solto, com um trabalho interessante de vazados nos coletes. Nada fugiu do lugar, nada saiu do script.

    Mesma lógica foi a de Patricia Viera, que produz bons looks de couro de luxo e, nesta temporada, fechou parceria com uma loja popular para lançar peças mais baratas.

    Nada saiu do esperado também no desfile da Ratier, grife do DJ e dono da casa noturna D-Edge Renato Ratier. As armaduras medievais, tema recorrente nesta temporada, surgiram em looks cinza-escuro e preto. Uma desconstrução similar ao trabalho do alemão Boris Bidjan Saberi agrada e inspira a moda de Ratier.

    A Colcci, sem Gisele Bündchen, mostrou uma alfaiataria mesclada ao jeanswear. As estampas devem ser transformadas em camisetas, carro chefe da marca, e só. Numa temporada de crise, não valeria arriscar os looks amplos do final do desfile e os recortes complicados demais para o público jovem da marca.

    Há uma aura de medo sobre os estilistas brasileiros. É compreensível, mas não cabe exibir numa passarela.

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