• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 17:14:00 -03

    Premiado no Rio, Ariclenes Barroso está em três filmes na Mostra de SP

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    29/10/2015 02h10

    Ariclenes Barroso já nasceu com nome de ator –é xará de Lima Duarte, que trocou o nome de batismo por um artístico. "Legal, né? Mas assumi o Ariclenes", diz o cearense de 22 anos, que está em três filmes da Mostra de Cinema de SP –um deles, "Aspirantes", valeu a ele o prêmio de melhor ator no Festival do Rio.

    Homonímia à parte, atuar estava longe dos planos da família, formada por pai camelô, mãe e oito filhos, que migraram de Itapipoca (CE) para São Paulo quando Ariclenes tinha quatro anos. Foram morar numa ocupação vizinha ao Teatro Oficina, no Bixiga.

    Um dos atores do grupo de Zé Celso, que ensinava capoeira no imóvel ocupado, indicou o garoto de nove anos para participar da epopeia teatral "Os Sertões". "Fui jogado no meio do palco, aprendi meio que valendo", diz Ariclenes, primeiro escalado para o papel de um bezerrinho que bebia leite jorrado dos seios de uma atriz.

    Divulgação
    Créditos: Divulgação Legenda: Ariclenes Barroso em cena do filme "ASPIRANTES" ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Ariclenes Barroso vive um jovem que sonha ser jogador de futebol no longa "Aspirantes"

    Os pais tiveram algum receio. "São nordestinos meio rigorosos. Minha mãe ficou emocionada, mas não gostou da temática, do nudismo, do que o Zé Celso pensa", diz.

    A diretora Helena Ignez, contudo, notou uma "presença mágica" ao ver o garoto no palco e o escalou para o primeiro longa de Ariclenes, "Luz nas Trevas" (2010). "Senti um encanto total", ela afirma.

    Helena voltou a selecioná-lo neste ano para "Ralé", que passa neste sábado (30), às 19h, na Mostra (MIS, av. Europa, 158, tel. 11-2117-4777). No longa, ele vive o filho de um xamã moderno interpretado por Ney Matogrosso.

    Foi com o diretor carioca Ives Rosenfeld que Ariclenes ganhou seu primeiro (e premiado) protagonista. Em "Aspirantes", ele é Junior, jovem que sonha em ser jogador de futebol, mas é assolado pela gravidez da namorada e pelo ciúme que sente do amigo, contratado por um time.

    "O Ari arrebenta nas cenas de silêncio, tem uma expressividade incrível", diz Rosenfeld.

    São-paulino roxo, ele também topou o papel por seu "lado peladeiro", conta o ator, que cabulava os ensaios no Oficina para jogar. "Iam me buscar nos campinhos. Eu chegava todo suado, e o Zé Celso com aquela cara", diz.

    "Aspirantes" passa nesta quinta (28), às 21h50, no Cine Belas Artes (r. da Consolação, 2.423, tel. 11-2894 5781).

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    ORG XMIT: 462501_0.tif Teatro: o ator Ariclenes Barroso interpreta um príncipe em `Cypriano e Chan-ta-lan', novo espetáculo da trupe do Oficina Uzyna Uzona, com direção de Luis Antônio Martinez Corrêa. (Lenise Pinheiro/Folhapress)
    Mais novo, Ariclenes Barroso como um príncipe em "Cypriano e Chan-ta-lan"

    Em "Jonas", de Lô Politi, também na Mostra de SP, Ariclenes volta a atuar com Jesuíta Barbosa, ator para quem ele perdeu o protagonista de "Tatuagem" (2013). Acabou pegando o papel menor do homofóbico soldado Gusmão.

    Para interpretar um traficante perverso no filme de Lô Politi (exibido no domingo, 1º/11, às 15h, no MIS), ele disputou com outros atores, "todos fortes, altos e com cara de bravo", lembra.

    "Como fiz para ganhar? Gritei mais do que todos eles."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024