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    Em 2º disco, Boogarins aumenta força de seu rock psicodélico fora do Brasil

    LÚCIO RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/10/2015 02h00

    No episódio anterior, temporada 2013/2014, vimos dois amigos de Goiânia atravessarem a adolescência compondo músicas para depois produzir por conta própria um disco.

    Eles tinham um nome para a banda, Boogarins. O grupo mesmo, porém, nem havia sido formado, porque um de seus integrantes gastava o tempo trancado em seu quarto ou aprimorando a edição das canções feitas ou as mandando aleatoriamente para seus blogs de rock independente favoritos –em geral americanos e ingleses.

    Nessa, o álbum chamou a atenção de um produtor americano, que ouviu uma das canções e dois dias depois já estava conversando com o rapaz goiano pelo Facebook.

    Logo, o disco "As Plantas que Curam" ganhava lançamento nos EUA, era distribuído na Europa e puxou o Boogarins, já um quarteto, para uma extensa turnê mundial, o que incluiu festivais importantes, como o South by Southwest, no Texas, e o Primavera Sound, em Barcelona. No Brasil, não houve interessados em lançar o álbum.

    O capítulo de hoje marca a estreia da nova temporada, a 2015/2016. Nesta sexta-feira (30), também com produção americana e lançamento garantidíssimo no Brasil, o Boogarins vê chegar às lojas seu segundo álbum, "Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos", em CD e vinil.

    Há uma semana, "Manual" teve seu áudio antecipado em streaming, na íntegra e com exclusividade, pelo site do "New York Times". Na quinta (29), a banda iniciaria em Londres outra turnê mundial, que circulará pela Europa até o fim de novembro, partindo em seguida para o Brasil (locais e datas ainda não divulgados), EUA e Europa de novo. Quando sair do país no começo de 2016, o Boogarins não sabe quando voltará para casa.

    O grupo é criação dos guitarristas e vocalistas Benke Ferraz e Dinho Almeida. A banda é completada por Raphael Vaz, baixista, e o baterista Ynaiã Benthroldo, ex-integrante do grupo mato-grossense Macaco Bong.

    VIAGEM COLORIDA

    Quando apareceu no final de 2013, o Boogarins estava em sintonia com uma cena jovem mundial de guitarras viajantes e temáticas coloridas cantadas por um quase miado de gato em forma de vocais. Um "zeitgeist" psicodélico cuja banda australiana Tame Impala era a parte mais reluzente lá fora. E a velha Mutantes era a real inspiração.

    Ouça o primeiro disco do Boogarins, "As Plantas que Curam"

    Filho de um Estado que respira música sertaneja e de uma capital em que jovens menos "agroboys" enveredam pelo indie rock, o Boogarins passou a pertencer à casta de bandas –como a mineira Sepultura ou a paulistana Cansei de Ser Sexy– que construíram seu nome no mercado internacional de modo mais sólido até que no país natal.

    Tanto que só agora o Brasil lança o primeiro álbum, quase na mesma data em que sai "Manual". A versão brasileira do disco de estreia, para compensar, traz três faixas bônus: duas inéditas gravadas em Los Angeles e uma ao vivo, tirada de show no festival Bananada, em Goiânia.

    'MANUAL'

    Benke Ferraz, guitarrista e vocalista do Boogarins, tem 22 anos, assim como seu principal parceiro, Dinho Almeida, as mesmas funções na banda, mas com a ordem invertida.

    Aos 20, estava na faculdade, nunca tinha vindo a São Paulo e ficava o dia todo em casa ouvindo (e fazendo) música e navegando na internet.

    E hoje, Benke, como é a sua vida? "Mudou totalmente desde que o primeiro disco saiu", afirma o guitarrista. "Primeiro que, se não fosse pela grupo, as amizades que fizemos, os lugares a que fomos, nada disso teria acontecido. Conviver com bandas que a gente sempre escutou, ir aos festivais dos quais só ouvíamos falar. Só ter que fazer música e tocar música [...] já é a principal diferença."

    Benke acha até que este segundo álbum, "Manual", lançado nesta sexta (30), pode ser considerado o primeiro do Boogarins, de certo modo.

    "O anterior não tinha arranjo de banda. Tudo era meio que criado enquanto eu e Dinho estávamos gravando. Foi um disco de quarto", diz. "Este agora é mais bem feito, melhor trabalhado como banda. Tem música que nasceu antes do primeiro disco ser lançado, tem outras em que a gente foi mexendo em estúdio, algumas compostas em turnê, as últimas já contam com o Ynaiã [o novo baterista] participando. 'Manual', sim, é um disco propriamente dito."

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