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    crítica

    Filme de Manoel de Oliveira sobre sua vida fala direto ao coração

    SÉRGIO ALPENDRE
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/10/2015 02h35

    Divulgação
    Cena de "Visita ou Memórias e Confissões"
    Cena de "Visita ou Memórias e Confissões"

    Quem ama cinema ama Manoel de Oliveira (1908-2015). Portanto, quem ama cinema não pode perder "Visita ou Memórias e Confissões", longa-metragem que o diretor de "O Gebo e a Sombra" realizou em 1982, mas preferiu deixar para ser exibido quando não estivesse mais entre nós.

    É impossível, para o conhecedor de seu cinema, não se emocionar. É um passeio pela história, vida e processo criativo do maior cineasta português (e um dos maiores de todos os tempos).

    Trata-se de "um filme de Manoel de Oliveira sobre Manoel de Oliveira, a propósito de uma casa", segundo o próprio. Essa casa foi o lar do diretor entre 1942 e 1982, e foi vendida para pagar dívidas.

    É incrível: em 1982, aos 73 anos, quando acabara de filmar a obra-prima "Francisca" (1981) e tinha realizado filmes supremos como "Benilde ou a Virgem Mãe" (1975) e "Amor de Perdição" (1979), o diretor estava endividado.

    Em 68 minutos, temos um passeio por esse casarão no Porto, com as vozes de Teresa Madruga e Diogo Dória ao fundo, alternando-se com o próprio Oliveira, de corpo e voz, mostrando imagens domésticas captadas na casa que não mais lhe pertence.

    Um autêntico álbum familiar é exposto aos nossos olhos: sua esposa Maria Isabel, o jardim da casa, retratos de seus filhos e netos. Por ser tão pessoal, "talvez não devesse fazer um filme assim", nos diz ele. "Mas está feito."

    De uma simplicidade tocante, "Visita..." tem curiosa relação com o mais recente filme de Andrea Tonacci, "Já Visto Jamais Visto". Ambos pensam na memória, buscam novos sentidos para imagens anteriormente registradas, e falam diretamente ao coração.

    VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES

    DIRETOR Manoel de Oliveira
    PRODUÇÃO Portugal, 1982, 10 anos
    MOSTRA sáb. (31), às 13h30, no Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 3; dom. (1º), às 16h30, no Matilha Cultural; seg. (2), às 17h45, no Cinesala; ter. (3), às 15h, no Cinesesc; qua. (4), às 22h50, no Cinearte 2

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