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    CRÍTICA

    Otimismo demais torna 'Tudo que Aprendemos Juntos' inverossímil

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    03/11/2015 02h10

    Divulgação
    Ator Lázaro Ramos no papel do violinista Laerte, personagem do longa-metragem 'Tudo que Aprendemos Juntos
    Ator Lázaro Ramos no papel do violinista Laerte, personagem do longa-metragem 'Tudo que Aprendemos Juntos'

    "Tudo que Aprendemos Juntos" conta a história do Instituto Baccarelli, projeto social que desde 2000 oferece formação musical e artística aos moradores da favela de Heliópolis, em São Paulo.

    Laerte (Lázaro Ramos), um violinista talentoso, é traído pelos nervos no concurso para uma vaga na Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). Abatido e com problemas financeiros, aceita a contragosto o cargo de professor de música em uma ONG que atua na favela.

    Os alunos são turbulentos, não sabem ler partituras e ignoram quase tudo dos instrumentos. De início, Laerte não tem empatia com eles –trata-os com aspereza, sintoma da distância entre o seu mundo e aquele microcosmo.

    A narrativa apresenta o cotidiano na favela com figuras tradicionais: o traficante, a grávida precoce, o menino que cuida do pai alcoólatra. O roteiro tem o mérito de recusar a associação estereotipada entre favela e violência, mas não aprofunda os personagens secundários.

    A figura que sobressai é Samuel (Kaíque de Jesus), com quem Laerte se identifica. É por intermédio do aluno que o professor finalmente passa a desenvolver um vínculo afetivo –uma transformação súbita demais para ser plausível.

    Na primeira metade, os longos trechos em que a câmera acompanha Laerte quebram o ritmo. Na segunda, os acontecimentos –que têm implicações morais para o professor– se precipitam com exagerada rapidez. Os enormes progressos dos alunos, não só musicalmente, também se mostram em pouco tempo, refletindo um otimismo tão desmedido quanto inverossímil.

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