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    CRÍTICA

    Com poesia e suingue, Vicente Barreto se reinventa em novo disco

    CARLOS BOZZO JUNIOR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    11/11/2015 02h40

    O compositor, violonista e cantor Vicente Barreto, 65, coautor de "Morena Tropicana" ao lado de Alceu Valença, estava há dez anos sem gravar.

    Esse silêncio é interrompido pelo barrito forte de "Cambaco", seu 11º disco.

    O baiano, que mora há mais de 40 anos em São Paulo, mostrou uma de suas músicas para o letrista, desenhista e gravador Manu Maltez. Ritmicamente acentuada, a composição fez com que Maltez, ao escutá-la, visualizasse uma manada de elefantes caminhando e propusesse a Barreto contar, por meio daquele som misturado a sua letra, a história dos paquidermes que, quando idosos, se retiram das manadas para morrerem sós.

    Barreto se identificou com o enredo e topou gravar, além da música batizada de "Cambaco", um disco com o mesmo nome –que, em changana, o dialeto mais falado de Moçambique, identifica esses elefantes, considerados pelos africanos animais velhos e sábios.

    José de Holanda/Divulgação
    Vicente Barreto lança 'Cambaco', seu 11º álbum. Crédito: José de Holanda/Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O baiano Vicente Barreto lança 'Cambaco', com 11 músicas

    Ainda em parceria com Maltez, Barreto compôs "Preço do Amanhecer", última das 11 faixas do CD, que descreve em sua letra o marasmo do baiano antes de gravar a bolacha.

    "Herança", faixa oito, traz letra de Rafa Barreto, seu filho, com quem também assina "Batendo Sabão". A primeira lembra os primórdios do violonista que, no início de sua carreira, tocava intuitivamente, usando apenas dois dedos, enquanto a segunda mostra um samba numa levada jazz.

    "Chororô" e "Tataravô" têm letras de Romulo Fróes; "Karina" e "Jardim Japão" atestam a feliz parceria de Barreto com Rodrigo Campos. Com Kiko Dinucci, o músico compôs "É Tipo de Conversa" e "Sabiás". "Boró", única instrumental do repertório, é uma homenagem ao violonista Baden Powell.

    Aliado às novas possibilidades proporcionadas mais pelo ritmo que por harmonia, Barreto se reinventa com poesia e muito suingue, metamorfoseando "cambaco" em fênix ao alçar voo bonito, novo e com bastante volume.

    CAMBACO
    ARTISTA Vicente Barreto
    GRAVADORA Independente
    QUANTO R$ 25
    AVALIAÇÃO muito bom

    Edição impressa

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