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    'Vilão de filme', pai de Amy Winehouse se apresenta com Elza Soares no Brasil

    BEATRIZ MONTESANTI
    DE SÃO PAULO

    11/11/2015 02h10

    Diz Mitch Winehouse que, quando sua filha Amy chegou ao Brasil para uma série de apresentações em janeiro de 2011, imediatamente ligou para ele: "Você precisa vir".

    Quase cinco anos mais tarde, o pai da cantora, morta em julho daquele mesmo ano, chega ao país carregando um disco de canções brasileiras e uma fama de oportunista –atrelada ao sucesso de Amy e ao desdobrar de eventos que levaram à sua morte, por intoxicação alcoólica.

    Mitch apresentará no Brasil o praxe do repertório nacional, como versões em inglês de "Insensatez" e "Wave", de Tom Jobim, canções reunidas no álbum "Bela Brazil", o terceiro de sua carreira.

    Nos shows, contará com a participação de Elza Soares, além do percussionista baiano radicado em Londres Anselmo Netto –responsável pela união entre o judeu amante do jazz do subúrbio londrino e a sambista carioca.

    "Eu amo todas as músicas de Antonio Carlos Jobim", afirma Mitch por telefone (ele pronuncia "iobim", como o "j" espanhol). "E Amy também adorava."

    O cantor que na juventude foi crooner em boates de Londres ("fui tão bem-sucedido que virei taxista", disse certa vez ao "Guardian") cita a filha sem cerimônias para justificar seu retorno à música.

    Amy, inclusive, o convenceu a gravar seu primeiro disco, "Rush Of Love", em 2011.

    Músicas que alçaram ela ao sucesso, como "Rehab" e "Valerie", também serão apresentadas, e na voz de Elzinha. A cantora carioca disse à Folha estar "estudando feito uma doida" para se apresentar em inglês.

    Mitch hoje coordena a Amy Winehouse Foundation, ONG dedicada ao atendimento de jovens em situação de vulnerabilidade. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos discos e com as apresentações de Mitch são revertidos para a fundação, segundo ele. No Brasil, o valor de venda dos ingressos irá para o grupo AfroReggae, diz.

    VERSÕES

    Tachado de oportunista e omisso, o inglês é uma figura controversa desde os tempos da conturbada carreira de Amy, marcada por idas à reabilitação e pelo assédio excessivo da mídia, sempre à espera dos tropeços da cantora.

    A má reputação do pai tornou-se ainda mais difundida com o sucesso do filme "Amy", em cartaz no Brasil. O documentário do diretor Asif Kapadia foi aclamado no Festival de Cannes em maio e é possível indicado ao Oscar de 2016.

    Mitch colaborou inicialmente com o projeto de Kapadia, cedendo imagens da juventude da filha. Porém, desvinculou-se da produção e passou a atacá-la após assistir a um primeiro corte do longa.

    "O filme é fortemente editado. Eles não queriam que a Amy aparecesse bem [...]. Queriam retratar uma Amy solitária e viciada. Mas sua família e seus amigos estavam sempre ao lado dela", afirma o pai. "Ela passou por vários tratamentos. Infelizmente não funcionou, obviamente, mas não porque ninguém quis ajudá-la."

    Amy Trailer

    Exemplo sempre citado por Mitch, em uma cena do filme ele confessa ter dito à filha que ela não precisava ir para a reabilitação. "Eu disse que Amy não precisava ir naquela hora", corrige, esticando as duas palavras finais da frase. "Eles cortaram isso."

    Feito com imagens de arquivo e áudios de cem entrevistas com amigos e familiares, "Amy" acompanha a precoce carreira da cantora, partindo de sua adolescência, passando pelo sucesso do álbum "Back to Black", sua conturbada vida amorosa e sua morte prematura, aos 27.

    Em setembro, Kapadia disse à Folha ter feito o filme da única forma que podia.

    "Quis mostrar como as pessoas ao redor de Amy tomaram uma série de decisões que não foram boas para ela."

    Mitch pretende agora fazer um novo filme sobre a filha, que contaria com a ajuda de Phil Griffin, diretor dos clipes de "Rehab" e "Back to Black".

    MITCH WINEHOUSE
    QUANDO 15 (Porto Alegre, Teatro do Bourbon Country, av. Túlio de Rose, 80, 51-3375-3700); 16 (SP, Teatro Bradesco, r. Palestra Itália, 500, 11-3670.4100); 18 (Rio, Teatro Bradesco Rio, av. das Américas, 3900, 21-3431-0100) e 20 (Natal, Teatro Riachuelo, av. Bernardo Vieira, 3775, 84-4008.3700)
    QUANTO de R$ 50 a R$ 230
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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