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    Moisés x Ramsés: Conheça o mocinho e o vilão de 'Os Dez Mandamentos'

    GABRIELA SÁ PESSOA
    MARIA CLARA MOREIRA
    DE SÃO PAULO

    15/11/2015 02h26

    Guilherme Winter vai demorar para colocar a barba de molho. O ator de 36 anos não deixará o profeta barbudo Moisés, protagonista da novela "Os Dez Mandamentos", pelo menos até o primeiro semestre de 2016.

    O personagem tem pela frente 40 anos de travessia pelo deserto e a segunda temporada de "Os Dez Mandamentos", no início de 2016, a reboque do sucesso de audiência –na terça (10), quando foi ao ar a abertura do mar Vermelho, a Record venceu a Globo por 8 pontos na Grande São Paulo (cada ponto equivale a 67 mil domicílios) e 12 no Rio (42 mil domicílios).

    A ideia é evitar o êxodo do público antes da estreia de "Josué e A Terra Prometida", continuação do folhetim bíblico, em pré-produção.

    Munir Chatack/Divulgação
    O ator Guilherme Winter, o Moisés da novela "Os Dez Mandamentos"
    O ator Guilherme Winter, o Moisés da novela "Os Dez Mandamentos"

    Se Moisés foi eleito por Deus para libertar os hebreus da escravidão, Winter, antes, precisou conquistar a autora, Vivian de Oliveira, e o diretor, Alexandre Avancini, em audições. Ambos contam que já botavam fé no ator paulista. "Sempre achamos que ele deveria ser Moisés. Tem uma expressão forte e, ao mesmo tempo, mansa", diz Vivian.

    É o primeiro protagonista de Winter, o terceiro trabalho na Record, onde atuou em "Pecado Mortal" (2013) e na também bíblica "José do Egito" (2014). Aos habituados à Globo, o moço pode ser familiar: disputou a "Dança dos Famosos" (2011), fez "Malhação" (2008) e "Ti-Ti-Ti" (2010).

    Winter estreou na TV com "Cobras & Lagartos" (2006), de João Emanuel Carneiro –mesmo autor da novela "A Regra do Jogo", rival de os "Os Dez Mandamentos".

    Na adolescência, foi atendente de videolocadora e vendedor de convênios médicos nas ruas, "de gravatinha e terno", aos 18. Desenhista industrial, passou de cenógrafo a ator aos 24, na tradicional escola Casa de Artes Laranjeiras, no Rio.

    Católico "não praticante", recorreu a livros religiosos e a estudos sobre Moisés. "O que fica dele é olhar para os outros. Foi um príncipe que largou o conforto para liderar um povo miserável e acabar com a sua escravidão."

    Como seu personagem, Winter diz que não olhou para trás quando rompeu com a Globo. "Não tive medo de sair. Precisava pagar minhas contas", conta ele, que no "plim-plim" recebia por obra. Hoje, resume o contrato com a Record como "longo".

    O "mais legal do alvoroço" em torno de "Os Dez...", diz, é "abrir espaço" para a classe artística em outro lugar que não a emissora dos Marinho. "É importante [ter opção]. Precisamos trabalhar, tem muito ator desempregado."

    Ele comenta que, antes da novela, quem não estava na Globo podia parecer invisível. "As pessoas quase esqueciam. Diziam: 'Ah, está na Record'".

    O VILÃO FRÁGIL

    Sérgio Marone, 34, não é religioso. Nascido em família católica, o principal antagonista da novela prefere adotar uma perspectiva menos dogmática sobre a vida.

    "Acho que a religião acaba afastando o ser humano do essencial", diz ele. "Para mim, o importante é o amor, é me ligar com a natureza."

    Ao contrário de seu personagem, o tirano Ramsés, que escraviza os hebreus, Marone defende a tolerância –para ele, a "verdadeira mensagem" da novela.

    Se fora das telas o ator não poderia ser mais diferente do faraó, nelas ele já se acostumou com o mau-caratismo. Ramsés é seu quarto antagonista, após Humberto ("Paraíso Tropical"), Nicholas ("Caras e Bocas") e Marcos ("Morde e Assopra") na Globo.

    "Tenho mais tesão em fazer vilões. O Ramsés é muito distante da minha essência, então vivê-lo não é orgânico, mas acaba funcionando como uma terapia."

    Divulgação
    O ator Sergio Marone, o Ramsés de "Os Dez Mandamentos"
    O ator Sergio Marone, o Ramsés de "Os Dez Mandamentos"

    Mesmo tomado por acessos de ira, o personagem tem a seu favor momentos de fragilidade. "Essa faceta estava muito presente no texto da Vivian de Oliveira e a gente se preocupou em desenhá-lo desta forma. Quando você consegue despertar essa empatia da audiência, é um golaço."

    Para o diretor Alexandre Avancini, Marone teve sucesso. "Ele tem presença física, um 'momentum' de explosão bom para fazer esse faraó que se acha todo poderoso. Gosto de atores que humanizam o personagem, ainda mais em uma história dessas."

    Com Ramsés veio o reconhecimento do trabalho de Marone, após 15 anos de carreira. Antes, cursava direito (largou após um ano e meio) e ganhava dinheiro como modelo, rotina que se completava com os ensaios junto ao grupo de teatro que frequentava na Boca do Lixo, na região central de São Paulo.

    "Com 'Os Dez...' veio uma mudança de paradigma, muita gente que nunca havia assistido a uma novela da Record agora assiste à nossa."

    Ele admite a má vontade de parte do público e da crítica com a emissora, mas nega já ter sofrido com isso.

    "Eu percebo uma torcida para que a Record dê certo. Pessoas inteligentes que trabalham no setor querem uma indústria menos nas mãos de uma única empresa."

    Marone gravou suas últimas cenas na novela na última terça (10). Ele se prepara para sair de férias e se concentrar em seus próximos projetos, entre eles apresentar seu próprio programa de cultura e entretenimento.

    "Estou ansioso para não fazer a barba todos os dias. Não ligo para a careca, mas também será bom não precisar raspá-la sempre", ele deixa escapar um "graças a Deus".

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