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    paris sob ataque

    ANÁLISE

    Banda que tocava em local atacado em Paris não tem nada de macabra

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    14/11/2015 13h21

    Barry Brecheisen - 11.set.2015/Associated Press
    FILE - In this Sept. 11, 2015 file photo, Jesse Hughes of Eagles of Death Metal performs at Riot Fest & Carnival in Douglas Park in Chicago. Hughes was scheduled to perform, Friday, Nov. 13, 2015, with the band at the Bataclan concert hall in Paris where patrons were taken hostage. (Photo by Barry Brecheisen/Invision/AP, File) ORG XMIT: NYET532
    Jesse Hughes, guitarrista do Eagles of Death Metal, durante show em Chicago, em setembro

    Se os terroristas que cometeram o massacre na casa de shows Bataclan, em Paris, escolheram como alvo o show da banda de rock Eagles of Death Metal por achar que ela pudesse ter posições políticas contrárias às suas, certamente nunca ouviram um disco da banda. A música do Eagles of Death Metal não tem nada de política ou ideologia. É diversão pura.

    Nas redes sociais, alguns dizem que o nome ("Death" quer dizer "morte" em inglês) pode ter sido um chamariz, mas a verdade é que o nome é uma piada, uma brincadeira com dois estilos musicais opostos. O nome foi bolado pelo fundador da banda, Josh Homme, e é uma junção de "Eagles", famoso grupo californiano de soft-rock dos anos 70, conhecido por músicas tranquilas como o hit "Hotel California", e o "death metal", um dos gêneros mais rápidos, pesados e agressivos do rock, marcado por músicas velozes, guitarras distorcidas e letras macabras sobre morte, demônios e satanismo.

    Imagine que um brasileiro inventasse uma banda chamada "Tom Jobim Punk". O espírito da piada seria o mesmo. O Eagles of Death Metal não tem nada de death metal ou de macabro. O som é alegre e festivo, um rock animado com letras que falam, basicamente, de sexo e farra.

    A banda foi formada na Califórnia em 1998 por dois amigos, Jesse Hughes e Josh Homme. Este último ficou famoso com o grupo Queens of the Stone Age, que esteve recentemente no Rock in Rio. Homme considera o Eagles of Death Metal uma espécie de "férias" de seu "trabalho" no Queens, um projeto sem grandes ambições comerciais e onde a palavra de ordem é diversão.

    Com Homme excursionando sempre com o Queens of the Stone Age, Jesse Hughes é quem comanda o Eagles of Death Metal. Ele compõe a maioria das músicas e faz turnês, acompanhado por músicos convidados. Homme grava todos os discos do EODM (foram quatro até o momento), mas raramente toca ao vivo com a banda. Ele não estava no fatídico show em Paris.

    Jesse Hughes trouxe o EODM ao Brasil, em novembro de 2007, e tocou no clube Clash, em São Paulo. Eu era sócio-proprietário da casa na época e conheci Jesse e toda a banda. São caras divertidíssimos e simpáticos, que amam tocar ao vivo e fazem shows empolgantes e com grande interação com o público. É uma pena que uma banda tão alegre e bem humorada tenha sido alvo de um ato tão bárbaro. Felizmente, Jesse e seus companheiros escaparam com vida.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor de "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)

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