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    paris sob ataque

    Batalha contra terrorismo se dá com a preservação do pensamento, diz Nobel

    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    15/11/2015 15h23

    Piadas sobre a goleada de 7 a 1 sofrida pelo Brasil contra a Alemanha na Copa de 2014 ainda divertem —ao menos para aqueles que estiveram na Universidade Zumbi dos Palmares (SP), na manhã de domingo (15), para ouvir Wole Soyinka, Nobel de Literatura de 1986, que fez o público rir quando tocou no assunto.

    Este foi um dos poucos momentos de descontração na conferência promovida pelos festivais Flink Sampa e Encontro Mundial da Invenção Literária - Emil. Na maior parte do tempo, Soyinka —ainda que com uma expressão serena no rosto— foi severo quanto à resposta às ações terroristas no mundo e aos "dias de barbárie" que vivemos.

    Bruno Poletti/Folhapress
    SAO PAULO, SP, 15.11.2015: Wole Soyinka, escritor - Palestra do escritor nigeriano, Wole Soyinka, Premio Nobel de Literatura de 1986, durante o Encontro Mundial de Invencao Literaria. A palestra aconteceu na Faculdade Zumbi Dos Palmares (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-SUP-NEGOCIOS) ***EXCLUSIVO FOLHA***
    Wole Soyinka, nigeriano laureado com o Nobel de Literatura em 1986, durante palestra em São Paulo

    "É tempo de Ogum", disse Soyinka ao ser convidado a dar sua opinião sobre os atentados terroristas em Paris na sexta (13), que deixaram mais de 120 mortos. "Uma face de Ogum é poesia e música; a outra, luta. Agora é hora do combate."

    Para o escritor, a batalha proposta não se dá com rifles em punho, mas com a negativa de destruição do pensamento, algo que doutrinas das mais variadas ordens impõem. No caso de ações extremistas em nome da fé –como as executadas pelo Estado Islâmico–, uma forma de combate é o desenvolvimento do conhecimento.

    "De certa forma, toda religião fomenta o niilismo [em relação às crenças do outro], mas independente da fé, temos a obrigação de desenvolver a produção intelectual."

    O escritor, que foi preso em 1967, durante a Guerra Civil Nigeriana, e sentenciado à morte no regime do general Sani Abacha (1993-98), acredita que a doutrinação, além de tirar vidas, destrói o pensamento e a herança cultural.

    "Pol Pot [líder comunista responsável pelo genocídio no Camboja entre 1975 e 1979] tirou todos das escolas e matou quem se atreveu a estudar", lembra. "Uma geração de intelectuais foi destruída. Era crime pensar fora do regime."

    Para Soyinka, o ser pensante corre risco de extinção: "Se não eliminarmos os terroristas, eles nos eliminarão."

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