"Hello", de Adele

Fazia quatro anos que a cantora inglesa Adele, 27, não apresentava um espetáculo.

Quando ela finalmente reapareceu, na terça-feira (17), no Radio City Music Hall, em Nova York, foi como se o último show tivesse sido na véspera, tamanha a intimidade que esbanjou na noite.

Bateu papo com o público. Lamentou ter que cortar a unha para tocar guitarra: "Fiquei com dedos de batata", brincou. Reclamou do penteado, que estava dando trabalho para equilibrar enquanto ela introduzia novidades de seu repertório, como "When We Were Young".

Na terceira música, ela desceu do salto (literalmente) e alertou o público: o show será exibido na televisão (na rede NBC, em 14 de dezembro), então "não cutuque o nariz".

No espetáculo, o único previsto até agora, a inglesa tocou algumas das músicas do novo álbum de estúdio, "25" (idade com a qual começou a escrever seu novo trabalho).

	Divulgação
	A cantora Adele, 27

Começou com "Hello", um diálogo travado com alguém que teve seu coração partido. O clipe, dirigido por Xavier Dolan ("Mommy"), ganhou comparações bem-humoradas com o clássico homônimo de Lionel Richie. O celular arcaico que Adele usa quando telefona para um namorado também divertiu as redes sociais.

A cantora emendou "Water Under the Bridge", apresentada ao público pela primeira vez naquela noite.

O disco será lançado nesta sexta (20), mas algumas faixas ou trechos foram disponibilizados aos poucos. Com a estratégia, Adele renovou os recordes que já havia batido com "21", de 2011 –o maior álbum de todos os tempos, segundo a revista "Billboard".

"Hello" foi a primeira música a bater mais de 1 milhão de downloads nos Estados Unidos ao longo de uma semana. Seu clipe bateu o recorde de visualizações (em torno de 27 milhões) no YouTube nas primeiras 24 horas.

Para não frustrar o público, que ocupou os 6.000 assentos, ela contemplou hits de discos anteriores –como "Set Fire to the Rain". No bis, interrompeu "Someone Like You" para contar que seu namorado a assistia ao vivo pela primeira vez. "Espero que você esteja gostando", Adele disse "a ele".

"['21'] era um álbum de separação. Se tivesse de rotular este ['25'], o chamaria de álbum da reconciliação", escreveu no Twitter em outubro.

Adele faz sucesso desde o primeiro álbum, "19", de 2008, pelo qual ganhou o Grammy de melhor revelação. Em 2013, ganhou o Oscar de melhor canção por "Skyfall", do filme "007 - Operação Skyfall".

A música foi incluída no show, durante o qual a cantora dava goles em uma caneca contendo, segundo ela, mel.

PARIS

Adele prestou uma homenagem às vítimas dos atentados a Paris na sexta (13) com "Hometown Glory". "A próxima [canção] é a primeira que escrevi. Tinha 16, e é sobre minha cidade natal, Londres", introduziu. "Mas hoje é sobre a cidade de todo mundo."

O palco foi iluminado com as cores da bandeira da França, e marcos da cidade, como a Torre Eiffel, foram exibidos.

Na maior parte do show, a imagem ao vivo da artista foi projetada ao redor do palco –acima e nas laterais, dando a impressão de que ela abraçava a plateia. Apesar da descontração, Adele mencionou mais de uma vez o nervosismo e a ansiedade para voltar aos palcos depois de ter um filho (Angelo, 3) e ter passado por uma cirurgia nas cordas vocais. "Estava louca para fazer uma porra de um show."

No sábado (14), o "New York Times" publicou uma entrevista na qual a cantora contou que só se satisfaz com uma composição quando se emociona. "É assim que sei que escrevi uma canção boa, quando ela me faz chorar."

No finalzinho, Adele fez desabafos com seu sotaque londrino –incompreensível para não iniciados– e chorou. Aplaudida de pé, agradeceu: "Eu nunca vou esquecer".