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    Espanca! baseia peça em notícias recentes, de greves a linchamento

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    EDITORA-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    20/11/2015 17h00

    Na procura cada vez maior por um teatro político, o grupo mineiro Espanca! busca, em seu novo trabalho, "realizar a realidade", nas palavras do integrante e cofundador Marcelo Castro. "É transformar a realidade de tal forma que ela fique mais real, mais nítida para o espectador."

    "Real: Teatro de Revista Político", que a companhia apresenta até domingo (22), em São Paulo, é composto de quatro peças curtas baseadas no noticiário recente. Todas escritas por dramaturgos brasileiros a convite do coletivo.

    "Parada Serpentina", de Bryan O'Neil, é inspirada na greve dos garis em 2014, no Rio. "Inquérito", de Diogo Liberan, parte do linchamento, em 2014, de Fabiane Maria de Jesus, no Guarujá (litoral paulista), após boato que a associava ao sequestro de crianças para rituais de magia negra.

    Em "O Todo e as Partes", Roberto Alvim (do Club Noir) usa o caso do ciclista David Santos Souza, que perdeu o braço após ser atropelado, em 2013, na avenida Paulista, em São Paulo. Já "Maré", de Marcio Abreu (da Companhia Brasileira de Teatro), escolhe como norte o confronto entre policiais e criminosos no complexo da Maré, há dois anos.

    "Quisemos traçar um panorama das coisas mais absurdas que estavam acontecendo [durante a criação do espetáculo]", diz Marcelo.

    "É um material que se atualiza", continua Gustavo Bones, também integrante e cofundador do Espanca!. "Se fôssemos fazer um 'número dois' dessa revista hoje, poderia ser sobre a ocupação das escolas públicas por alunos em São Paulo ou a tragédia em Mariana (MG)."

    LINGUAGEM

    Formado há 11 anos em Belo Horizonte e hoje referência na cena teatral da cidade, o grupo se arrisca agora em novas parcerias e linguagens.

    Buscou para "Real" autores com características bem distintas entre si –com textos que transitam entre o soturno e o poético– e experimenta técnicas diversas. Algumas com as quais já trabalhava (como a dança), outras que são novidade no currículo dos mineiros (caso da manipulação de bonecos).

    "Para falar da realidade, era importante que a peça tivesse essa multiplicidade de linguagens", explica Marcelo.

    No ano que vem, "Real" pode ganhar uma quinta parte: a peça "Colibri ou Aquele que Deve Morrer", escrita por Leonardo Moreira (da Cia. Hiato) e baseada na carta de suicídio coletivo dos índios guarani-kaiowá em 2012.

    REAL: TEATRO DE REVISTA POLÍTICA
    QUANDO sex. (20) e sáb. (21), às 21h, dom. (22), às 19h
    ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776/ 1777
    QUANTO grátis (ingressos distribuídos 30 minutos antes)
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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