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    Sem diretor, MAC fica sob intervenção da reitoria da USP

    JULIANA CUNHA
    EDITORA-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    01/12/2015 02h30

    A reitoria da Universidade de São Paulo destituiu todos os poderes da diretoria do MAC (Museu de Arte Contemporânea), mantido pela universidade, por data indeterminada, passando a gestão do museu para o reitor, Marco Antonio Zago.

    A decisão foi publicada no Diário Oficial no dia 20 de novembro. É a primeira vez que o museu fica sob intervenção da reitoria desde sua fundação, em 1963.

    O último diretor do MAC, o arquiteto Hugo Segawa, renunciou ao cargo em 9 de novembro alegando divergências com o conselho deliberativo da instituição, que o elegeu. Ele cumpriu 19 dos 48 meses de mandato.

    Segawa foi o primeiro diretor do MAC a ser eleito após a extinção da lista tríplice, em que três nomes eram indicados pelo conselho, cabendo ao reitor a decisão final. Hoje, os diretores são eleitos diretamente pelo conselho deliberativo, formado por professores, funcionários e reitoria.

    Alf Ribeiro - 2.out.2015/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 02.10.2015: Fachada do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), que ocupa a antiga sede do Detran-SP; o prédio se localiza na frente do Parque Ibirapuera, zona Sul de São Paulo (Foto: Alf Ribeiro/Folhapress)
    Fachada do MAC-USP, no prédio do antigo Detran de São Paulo, próximo ao Ibirapuera

    Após sua renúncia, Segawa deveria ter sido exonerado do cargo, que seria assumido de maneira provisória pela vice-diretora, Katia Canton. Ela, entretanto, segue no mesmo posto e depois da intervenção não pode sequer fazer compras para a unidade ou fechar parcerias.

    Já Segawa continua recebendo comissão como diretor do museu, embora já não esteja na função. "Em uma situação normal, minha exoneração já teria saído, mas mesmo que estejam protelando isso para esperar a reunião do conselho, não sei por que retiraram a autonomia do museu", diz o ex-diretor, que também leciona na FAU (Faculdade de Arquitetura da USP).

    Katia Canton afirma que o imbróglio sobre a direção do museu é problema de Segawa e do reitor. "A exoneração do professor ainda não foi concedida, se ele abandonou o museu antes disso ser resolvido, não posso fazer nada. Eu sou só a vice, não faço nada além do que já era minha função", diz ela.

    'SORTE E UNIÃO'

    Segundo Canton, atividades não foram prejudicadas por uma mistura de sorte pelo calendário de exposições para este ano já estar no fim com "união dos funcionários".

    "As pessoas acham que se o presidente foi embora, então quem está em exercício sou eu. No mundo real poderia ser assim, mas na USP é mais complicado. Eu mesma demorei para entender a situação", confessa. O reitor Marco Antonio Zago não quis se pronunciar sobre o assunto.

    A exoneração de Segawa não foi feita porque a reitoria aguarda uma reunião do conselho universitário, em 8/12, para rever as regras das eleições. Hoje, diretor e vice concorrem isoladamente, o que significa que pode haver discordância programática entre eles. O conselho deve aprovar que eles passem a concorrer de maneira unificada, numa mesma chapa.

    Segawa deve ser exonerado logo após a reunião do conselho. Depois disso, a vice-diretora deve assumir o museu, mas não há previsão de término para a intervenção da reitoria. Ela terá 30 dias para convocar novas eleições, que devem ocorrer até um mês depois disso. A perspectiva é de que o MAC só tenha uma nova direção em fevereiro de 2016.

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