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    Precursores do rap, Thaíde e DJ Hum fazem show juntos após 15 anos

    MARIA CLARA MOREIRA
    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    04/12/2015 02h30

    "Um brinde à amizade", diz uma das placas que ornamentam o estúdio onde o rapper Thaíde e Humberto Arruda, o DJ Hum, se reuniram na tarde de terça (1º). A dupla, que abriu as portas do hip-hop para nomes como Racionais MC's e MV Bill, se prepara para tocar junta pela primeira vez em 15 anos no sábado (5), às 21h, na edição paulistana do festival Meca.

    Será uma retomada pontual. Após o show, gratuito, o plano é retornar às carreiras solo.

    Quando se conheceram, em 1986, São Paulo fervia com o surgimento da cultura hip-hop, cujo berço foi a estação São Bento do metrô. "Quando a gente fala de São Bento, é quase um pecado falar só de rap. Ali é hip-hop", diz Thaíde, ressaltando a diferença entre os termos (rap é o gênero musical; hip-hop é um movimento amplo, que engloba também dança, artes visuais etc).

    Karime Xavier - 1.dez.2015/Folhapress
    SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -01 /12/15 -13 :00h - Retrato do rapper Thaíde (roupa vermelha) e do DJ Hum. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***ILUSTRADA
    O rapper Thaíde (dir.) e o DJ Hum, que se reúnem após 15 anos

    Na época, ele se apresentava com a equipe de break dance Back Spin. "Você podia até ver batalha de MC, mas o que você mais via ali era b-boy, grafiteiro, DJ."

    "Sem ela, o cenário aqui seria igual ao do Chile e da América Central, que não têm uma cultura hip-hop tão forte", diz Hum. Segundo ele, foi na estação que o gênero tradicional se misturou ao samba-rock e ao soul para originar o estilo de "boom bap" brasileiro.

    E foi lá que a dupla chamou a atenção da gravadora Eldorado, que os convidou para gravar duas músicas de "Hip-Hop Cultura de Rua", de 1988 –o Racionais de Mano Brown e Ice Blue engatinhava.

    "Corpo Fechado" se tornou o carro-chefe da coletânea que vendeu 60 mil cópias e se tornou um marco do rap."Chegamos dizendo quem éramos, por que estávamos ali e o que queríamos", conta o rapper.

    Versos como "fugi da escola com dez anos de idade/ as ruas da cidade foram minha educação/ a minha lei sempre foi a lei do cão" sinalizavam o caminho que o gênero seguiria na década seguinte, com a alta voltagem política que marcaria principalmente o trabalho dos Racionais.

    Em 2000, ano em que ganharam um prêmio Hutúz, o principal do rap brasileiro à época, a parceria que havia rendido sete álbuns chegou ao "divórcio", que os dois dizem ter sido amigável.

    Separada, a dupla viu o cenário nacional se transformar. "Nós somos de uma época em que o rap falava o que as pessoas tinham de ouvir. Hoje, fala o que elas querem ouvir. É muito mais fácil, né?", critica Thaíde.

    MECA FESTIVAL
    QUANDO sáb. (5), a partir das 15h
    ONDE  Complexo do Brás, r. do Bucolismo, 81, São Paulo
    QUANTO grátis (inscrição prévia no site do festival, www.meca.love)
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos

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