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    Aos 81, bailarina Marilena Ansaldi revisita história da dança no Masp

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    07/12/2015 02h07

    O palco está descascado. Cortinas abertas revelam a falta de coxias, as paredes de concreto e a arquitetura brutalista de Lina Bo Bardi no auditório do Masp.

    À estrutura arquitetônica revelada, uma companhia de dança sobrepõe a forma do espetáculo em construção em "Sala de Ensaio", última criação da Studio 3.

    Marilena Ansaldi, 81, ensaia mais uma vez sua despedida da carreira. Ela já a havia "encerrado oficialmente" há sete anos, mas voltou à cena no ano passado em "Paixão e Fúria - Callas, o Mito".

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil, 01-12-2015 11h41:Bailarina Sra Marilena Ansaldi, ensaia o espetaculo SALA DE ENSAIO da Cia Studio 3 no teatro do MAPS(Foto Eduardo Knapp/Folhapress.ILUSTRADA). Cod do Fotografo: 0716
    Bailarina Marilena Ansaldi ensaia o espetáculo 'Sala de Ensaio'

    "Depois de 60 anos, finalizo minha carreira com um solo improvisado a partir de uma música de Wagner sobre a estrela do amanhecer. É uma estrela de brilho fosco, mas que está lá no céu da manhã", diz a precursora da dança-teatro (mais dramatizada) no país.

    No ensaio, nada ofuscava o brilho de Ansaldi, mesmo quando ela poupava o corpo.

    "Ia fazer outra coisa, mais complicada, mas agora a carne dói. Então ponho a alma em cena", diz ela.

    Num cenário com apenas cadeiras e bancos que formam cinco salas de ensaio e usando "roupa de aula" como figurino, os bailarinos da Studio 3 dançam o que o público não pode ver.

    "Ensaio é quase um tabu, ninguém pode ver. Ainda mais quando é dança, uma coisa muito vaidosa. Mas é comum o ensaio ser o momento em que o bailarino se revela, arrisca fazer o impossível e alcança o sublime", diz o coreógrafo Anselmo Zolla, criador e diretor do espetáculo.

    As improvisações de Ansaldi revivem a história da dança paulistana.

    O Auditório do Masp, que foi um dos palcos dessa história, nos anos 70 e 80, recebe, em seguida, a mais recente criação do grupo Stagium.

    Em comemoração aos 45 anos da companhia, o coreógrafo Décio Otero criou "O Canto da Minha Terra", inspirado na obra do músico Ary Barroso (1903-1964).

    Mineiro de Ubá, como o músico, Otero montou um "espetáculo sentimental". Em movimentos da dança contemporânea, ele mescla sambas-exaltação e hinos à boemia e às letras bem-humoradas do compositor.

    "Mostramos que o Stagium ainda pode ser brejeiro", diz Marika Gidali, diretora da companhia que fundou com Otero, seu marido, em 1970.

    SALA DE ENSAIO E O CANTO DA MINHA TERRA
    Quando: ter. (8) e qua. (9), às 21h ("Sala"); sex. (11) e sáb. (12), às 21h, dom. (13), às 18h ("O Canto")
    Onde: Auditório Masp, av. Paulista, 1.578, tel. (11) 3149-5959
    Quanto: R$ 30
    Classificação: livre

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