• Ilustrada

    Sunday, 28-Apr-2024 07:38:08 -03

    Intolerância religiosa molda tragédia real adaptada para o cinema

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    10/12/2015 02h32

    "Oração do Amor Selvagem", do catarinense Chico Faganello, tem começo e desfecho trágicos. É a virada dos anos 1970 para os 80, interior de Santa Catarina. Ninguém entende por que Thiago (Chico Díaz) se recusa a participar de cultos religiosos. Ele é inflexível: Deus estaria em cada um de nós, não numa igreja.

    Thiago foge da comunidade mística onde foi procurar cuidados médicos para a mulher doente, que morre. Ele e a filha (Camilla Araújo) acabam numa cidadezinha sob influência do pastor Kurtz (Ivo Müller).

    O protagonista se apaixona pela irmã do evangélico –que nutre por ela sentimentos incestuosos. Ciúme e intolerância religiosa: está armado o auto-de-fé do forasteiro, que entregará um dos epílogos mais violentos do cinema contemporâneo brasileiro.

    Divulgação
    Ivo Muller e Chico Diaz, atores do filme Oracao do Amor Selvagem Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Ivo Müller e Chico Díaz (de costas) em cena de 'Oração do Amor Selvagem'

    MANCHETES

    A história se baseia num episódio real noticiado pelos jornais da época. Nas manchetes, o crime cometido por um "louco" (era epiléptico, na verdade) submetido a exorcismos forçados por genros fanáticos. "Forte como um bicho, menos branco e mais caboclo", lembra um coronel da região.

    Faganello elenca os mitos que ouviu ao falar com testemunhas do caso –que ocorreu na ascensão dos evangélicos na década de 1970.

    "Na cidade, até hoje dizem que ele segurava um touro bravo que todos temiam, que voava e era indestrutível, que tomou monte de tiros e não caía."

    A ideia inicial era batizar o filme de "Xucro" –aquilo que não se domestica. "Thiago sofre o que sofre pois é visto como indomável, o cara que não vai pra igreja", diz o cineasta.

    Ficou "Oração do Amor Selvagem", longa embalado por trilha de Zeca Baleiro e levado pela seguinte premissa: "Nenhum Deus pode impedir alguém de ser feliz".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024