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    ErotikaLand, com brinquedos eróticos, promete 'sexolândia' no interior de SP

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL A SÃO PEDRO (SP)

    20/12/2015 02h30

    Se você tem menos de 18 anos, melhor parar por aqui. A "Disney do sexo", projeto de parque de diversões na região de Piracicaba (160 km de São Paulo) previsto para o fim de 2017, não é nada adequada para menores de idade.

    Poderia ser traumático para os pimpolhos, afinal, imaginar Pateta na fila para o bate-bate rebatizado soca-soca –em que carrinhos têm na extremidade da frente pênis ou vagina, e na de trás, um ânus.

    Ou Pato Donald desenrolar a toalha para cair na piscina de nudismo em forma de coração, com totens infláveis que parecem seios. Mickey e Minnie na roda-gigante onde, das gaiolas, vê-se a paisagem sem ser visto.
    Princesas e príncipes na praça de alimentação, degustando cachorros-quentes com salsicha avantajada ou esfirras de formato similar ao do órgão feminino.

    Melhor nem pensar nos sete anões brigando para ver quem pega o melhor lugar no carrossel de membros sexuais.

    Esses brinquedos (sem os personagens da Disney, é claro) são algumas das atrações prometidas para o ErotikaLand, obra de 150 mil m² orçada entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões. Mauro Morata, 42, da empresa de próteses e cosméticos eróticos Soft Love, diz que alvará e outras licenças para o empreendimento "já estão engatilhados".

    E não espere uma versão do castelo da Cinderela –com torres de falos– à vista de quem passar por perto.

    "É uma área privada, com muita vegetação por perto. Você não vai ver um pênis gigante da estrada", diz Morata, que prevê ingressos entre R$ 300 e R$ 500, "se a inflação não subir".

    Há algo que também não pode subir muito –a libido dos visitantes. Sexo será proibido nas dependências da ErotikLand. Por isso, boa parte dos 300 funcionários previstos estarão nas equipes de segurança e higiene.
    O primeiro time irá coibir os mais saidinhos. "Aqui também não é Sodoma e Gomorra. Você garante que no Hopi Hari não rola sexo? No nosso, o segurança vai tirar na hora."

    Também não é nenhum convento. "Vai ter espaço para pelo menos dar uns peguinhas", diz Morata. Exemplos: o cinema 7D, que "vai produzir vários efeitos. Na hora em que a mulher jogar o véu, o espectador sentirá o ventinho", diz.

    Tem ainda o Labirinto do Fauno, onde frequentadores terão um tempo cronometrado para se perder, encontrando cadeiras e estátuas sugestivas no caminho.

    Aí entram os profissionais de limpeza, para dar cabo dos "excessos" de quem não conseguir se segurar até chegar ao motel que será instalado dentro do parque.

    Morata é sócio do projeto idealizado por Evaldo Shiroma, 52, organizador da Erótika Fair. Shiroma conta que desde os primórdios da feira, criada em 1997, já era assim: "Sempre falei que minha meta era montar o primeiro parque erótico do planeta".

    Está a alguns milhões de reais de conseguir (ainda negociam com patrocinadores).

    TODO O MUNDO FAZ

    Outros cantos do mundo têm endereços para fazer mais do que se pensar naquilo, lembra Morata. Na Coreia do Sul, há o jardim com esculturas sexuais. "Lá o pessoal vai numa boa, tira foto, abraça. Não sei por que pessoal tem tanta firula para falar de sexo no Brasil. É uma necessidade fisiológica, como ir ao banheiro."

    É uma certa repulsa ao sexo que ele diz querer mudar. Não quer só vender tíquetes para o parque ou produtos de sua empresa –como o Black Ice, óleo de massagem íntima que remete ao "efeito da Halls preta" e tem nome de disco do AC/DC ("sou fã"), ou o Power Guido, estimulante dérmico para membros masculinos.

    Gabriel Cabral/Folhapress
    São Pedro, SP, Brasil, 16-12-2015: Mauro Morata, 42, é presidente da Soft Love e pretende abrir o parque erótico "Erótica Land" na região de Piracicaba. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
    Mauro Morata, 42, presidente da Soft Love, planeja o parque erótico "Erótica Land"

    ESTILO DE VIDA

    "Quero criar um estilo de vida. Quando você vê a pessoa usando camisas Dudalina, Lacoste, pensa: 'É bem sucedida'. Se consome a gente, o cara gosta da coisa", diz o engenheiro químico de formação, que trabalhava para Brahma e Procter & Gamble antes de bolar invencionices como vibradores na forma de Hulk (verde), Darth Vader (preto) e Thor (um martelo), na sede da Soft Love, em São Pedro (SP).

    Casado com uma advogada, pai de dois meninos, Morata tem no escritório um quadro de Jesus ("sou espiritualizado"), uma espada da maçonaria e bonequinhos samurai –diz-se adepto dos princípios desses guerreiros japoneses, como "honra" e "família".

    Ao promover uma "sexualidade sadia" com a ErotikaLand, ele afirma que só reforça essa sua filosofia de vida.

    A meta agora é torná-la global, transformando seu parque num pico turístico para brasileiros e estrangeiros –com festas temáticas, auditório para shows e ações de conscientização contra a Aids.

    "Vai ter atração para todo mundo, até para a senhorinha da terceira idade."

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