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    CRÍTICO

    Retratro de Ingrid Bergman é irresistível como um clássico

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    DE CRÍTICO DA FOLHA

    24/12/2015 02h02

    Divulgação
    A atriz sueca em imagem do documentário 'Eu Sou Ingrid Bergman', de Stig Björkman
    A atriz sueca em imagem do documentário 'Eu Sou Ingrid Bergman', de Stig Björkman

    Uma imagem desfocada de uma menina e uma voz sobreposta que lê textos pessoais. O ponto de partida de "Eu Sou Ingrid Bergman" anuncia um desejo de reconstituição que tensiona dois polos, a exterioridade e a interioridade.

    O documentário celebra os cem anos do nascimento da atriz, mostrando as muitas personagens que ela viveu.

    Conhecemos sua cintilação nas telas, uma clássica beleza natural que ao receber um jato de luz se transformava numa divindade nórdica, como na sua primeira aparição em "Casablanca" (1942).

    "Eu Sou Ingrid Bergman" revela que há uma multiplicidade que o brilho da estrela nem sempre deixou enxergar.

    O crítico e cineasta sueco Stig Björkman teve livre acesso aos arquivos da família e entrevistou à vontade os filhos e pessoas que com ela conviveram. Se, por um lado, isso impõe um aspecto de biografia autorizada, por outro, leva o filme além dos limites dos documentários hagiográficos que só reiteram a mitologia.

    Seu primeiro impacto está nas imagens. Desde pequena, Bergman foi fotografada pelo pai e conquistou um poder de se relacionar com as câmeras.

    Desde jovem, a atriz registrava o que a cercava com uma filmadora. O valioso material de arquivo desses registros adiciona as visões pessoais de Bergman ao seu repertório de imagens públicas.

    O acesso ao mundo particular torna-se ainda mais vantajoso com a profusão de trechos da correspondência que Bergman manteve com amigas da juventude sueca.

    As entrevistas com os quatro filhos trazem olhares que descem a estrela do pedestal e a humanizam, ao expor forças e fragilidades maternas.

    Se a narrativa cronológica e o recurso a entrevistas e a materiais de arquivo enquadram o resultado nos limites do convencional, estas escolhas também tornam o filme irresistível como um clássico.

    EU SOU INGRID BERGMAN
    (Jag är Ingrid)
    DIREÇÃO Stig Björkman
    PRODUÇÃO Suécia, 2015, 10 anos
    QUANDO estreia nesta sexta (25)
    AVALIAÇÃO ótimo

    Edição impressa

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