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    Após fim da Cosac Naify, ex-diretoras criam editora com parte do catálogo

    MAURÍCIO MEIRELES
    COLUNISTA DA FOLHA

    25/12/2015 02h07

    A Cosac Naify ainda não fechou suas portas, mas Florencia Ferrari e Elaine Ramos, ex-diretoras editorial e de arte da casa, já têm um novo projeto na manga. A dupla prepara para breve o anúncio de uma nova editora —e deve contar com alguns títulos que eram da Cosac Naify.

    Elas dizem que o foco da nova casa será "publicar livros de relevância cultural", com coleções de design e antropologia, além de literatura estrangeira e infantojuvenis. Perguntada sobre a semelhança entre seu projeto e a Cosac Naify, Florencia afirma que a associação é normal.

    Joel Silva/Folhapress
    SAO PAULO,SP BRASIL-11-06-2012: Florencia Ferrari nova diretora editorial da Editora Cosac Naify, em seu escritorio em Higienopolis, Sao Paulo ( Foto: Joel Silva/Folhapress) ***ILUSTRADA***EXCLUSIVO FOLHA***
    Florencia Ferrari, ex-diretora da Cosac Naify e sócia de Elaine Ramos em nova casa editorial

    "O Charles [Cosac, sócio da Cosac Naify] sempre deu autonomia para desenvolvermos projetos pessoais. Não podemos deixar de ser quem somos", afirma. "Queremos uma editora com debates
    relevantes para a cultura."

    Na nova casa, que ainda não tem nome, a ideia é que o design também funcione como diferencial. Florencia está em conversas com investidores, mas não revela nomes. Também não diz quais autores da Cosac Naify pretende levar consigo.

    Procurado, Charles Cosac afirma que sua ex-diretora editorial deve levar as coleções de antropologia e design, mas não definiu ainda quais.

    COMPANHIA

    A notícia surge na mesma semana em que a Companhia das Letras anunciou que deve receber entre 50 e 70 títulos do catálogo da Cosac Naify.

    O anúncio soou como prematuro no mercado —afinal, os livros não pertencem à Cosac, mas aos autores, com quem as negociações devem ser conduzidas. O movimento foi visto como uma forma de afastar possíveis concorrentes.

    Mas, no caso da literatura estrangeira, por exemplo, a Cosac Naify é dona de traduções complexas, algumas de perfil mais técnico, o que confere algum poder de barganha para a editora de Charles.

    Perguntado se há disputa por títulos entre a Companhia das Letras e a nova editora de Florencia e Elaine, Charles afirma que "bloqueou" alguns títulos para a primeira.

    O acordo com a Companhia das Letras se deveu também ao fato de outras casas terem procurado autores e seus representantes por conta própria. "Eu não morri ainda, meu pulmão não está à disposição", afirma Charles.

    "Eu não recomendaria a ninguém abrir uma editora", continua ele, "mas Florencia tem muita capacidade, aprendeu muito na Cosac Naify."

    Embora a casa de suas ex-diretoras vá ter títulos de antropologia, o editor revela que a série "Mitológicas", de Lévi-Strauss, também deve ir para a Companhia das Letras.

    "Não posso desconsiderar que a Florencia tenha trabalhou comigo, mas preciso tratá-la agora como uma editora qualquer. A [editora] delas não é um embrião da minha. A Cosac Naify acabou."

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