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    crítica

    Especial de Roberto Carlos em 2015 ousou sem sair do óbvio

    TONY GOES
    COLUNISTA DO "F5"

    24/12/2015 16h25

    Paulo Belote/Divulgação
    Roberto Carlos, Carlinhos Brown e Jota Quest em especial de fim de 2015. Foto: Paulo Belote/Divulgacao. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Roberto Carlos, Carlinhos Brown e Jota Quest em tradicional especial de fim de 2015

    O programa anual de Roberto Carlos sempre foi um desafio para a Globo. Além das manias do cantor, um outro problema se mantém: como embalar de maneira nova um repertório que quase não muda? A encrenca aumentou ao longo dos anos porque o Rei não lança um álbum com inéditas desde 2003.

    Por outro lado, o público não está nem aí. Entra moda, sai moda, e o especial ainda rende bons números. Uma receita foi se consolidando: os clássicos obrigatórios, um pouco de jovem guarda, um tico de religiosidade e, entre os convidados, alguém que tenha feito sucesso durante o ano.
    Mas em 2015 foi visível a preocupação em tirar o programa do piloto automático. Claro que não há espaço para grandes ousadias nem para convidados que escapem do óbvio. Os fãs esperam por um prato cujo sabor não pode variar muito.

    Variou um pouco, e foi bom: Roberto conseguiu apresentar um espetáculo leve, com pouco papo e muita música. A edição ágil fazia com que astros de diferentes estilos e gerações se materializassem ao seu lado, sem perder tempo com entradas e saídas.

    O primeiro bloco foi dedicado à jovem guarda. O Rei desfilou sucessos manjadíssimos, mas que, acompanhados pela banda Jota Quest -incrementada de músicos do naipe de Carlinhos Brown, Paulo Ricardo e, claro, Erasmo Carlos e Wanderléa-, ganharam frescor. Aliás, eis aí dois nomes que mereciam estar mais em evidência. Ela, então, praticamente só aparece na TV esta única vez por ano.

    No segundo bloco, Roberto brilhou sozinho nos vocais. Aqui cabe ressaltar que não há o menor sinal de envelhecimento em sua voz: o timbre suave, o fraseado impecável, tudo continua lá. A novidade estava nos arranjos e nos músicos britânicos que o acompanharam -os mesmos do recente CD e DVD "Primeira Fila", gravados ao vivo nos lendários estúdios Abbey Road.

    As releituras são menos radicais do que Roberto imagina, mas ao menos não soaram requentadas. Menos sorte teve o terceiro bloco, quando finalmente surgiram Roberto Lages, o maestro habitual do Rei, e sua orquestra.

    O tempero extra foram as participações de Thiaguinho e Ludmila, dois cantores com excelentes presenças cênicas e repertórios sofríveis. Como sói acontecer, Roberto se derreteu todo ao lado da moça...

    O final, infelizmente, não fugiu da mesmice. "Jesus Cristo", rosas brancas, confraternização digna de "festa de firma". Roberto continua o mesmo, só o cabelo que está um pouco alisado demais. Mas um pouco de rotina não deixa de ser reconfortante.

    Especial Roberto Carlos

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