• Ilustrada

    Saturday, 27-Apr-2024 12:38:08 -03

    CRÍTICA

    'Making a Murderer' é série tão fascinante quanto deprê

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    06/01/2016 02h12

    Uma das melhores séries documentais de 2015 estreou bem no fim do ano na Netflix e acabou com os festejos natalinos de muita gente. Porque ver "Making a Murderer" é uma experiência tão fascinante quanto arrasadora.

    Dirigida por Moira Demos e Laura Ricciardi, a série tem dez episódios e acompanha, durante uma década, a vida de Steven Avery, morador do condado de Manitowoc, no norte dos Estados Unidos.

    Em 1985, Avery foi preso sob a acusação de ter estuprado uma mulher e passou 18 anos na cadeia, até ser libertado depois que testes de DNA provaram sua inocência.

    O filme mostra como a polícia de Manitowoc colaborou para a condenação de Avery, seja por falhas gritantes na investigação ou por não divulgar informações que poderiam provar sua inocência.

    Ele então processa o condado de Manitowoc e pede indenização de US$ 36 milhões.

    Como se essa história não fosse incrível o bastante, Avery, pouco depois de libertado, foi preso novamente, dessa vez acusado do assassinato de uma fotógrafa. Novamente, a polícia local pareceu ter feito de tudo para condená-lo.

    A série acompanha em detalhes as investigações desse crime e levanta suspeitas terríveis contra a polícia, incluindo a de forjar provas e arrancar confissões de menores de idade com evidentes problemas mentais. A história é tão escabrosa e surpreendente que parece ficção.

    Infelizmente, é tudo verdade.

    "Making a Murderer" é extremamente detalhista e, por vezes, pode parecer um pouco repetitiva. Mas a história é muito bem contada, e os personagens parecem saídos da imaginação bizarra dos irmãos Coen. Para começar, há Steven e sua família, donos de um ferro-velho de automóveis.

    Os Avery são considerados a escória da comunidade e unanimemente odiados por vizinhos. Steven é um sujeito simplório, dotado de um QI baixíssimo e que não parece ter noção da gravidade das acusações contra ele. Mas é um verdadeiro gênio se comparado ao sobrinho adolescente, Brendan, que é preso como cúmplice, mas só está preocupado em assistir a programas de luta-livre na TV.

    Os policiais são igualmente estranhos, uma galeria medonha de psicopatas que parecem viver no tempo do faroeste (um deles diz a uma repórter de TV que teria sido mais fácil matar Steven do que forjar provas contra ele).

    No meio disso tudo, surgem os advogados de Avery, os únicos sujeitos minimamente sãos da trama, que tentam dar sentido a esse pesadelo jurídico e policial. É ver para crer.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas).

    Making a murderer
    ONDE NETFLIX

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024