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    Globo de Ouro 2016

    ANÁLISE

    Globo de Ouro para Jon Hamm, e não para Wagner Moura, foi justo

    LUCIANA COELHO
    COLUNISTA DA FOLHA

    11/01/2016 00h37

    Foi justa a escolha da associação de correspondentes estrangeiros de Hollywood em premiar, neste domingo, Jon Hamm —e não o brasileiro Wagner Moura como melhor ator de série dramática no Globo de Ouro.

    Não que a performance de Moura como o megatraficante Pablo Escobar em "Narcos" (Netflix) não seja brilhante, ela é.

    E a indicação servirá para o mercado americano (e latino) prestar mais atenção no ator baiano, o que é bom (vide a entrevista que ele acaba de dar a Jimmy Fallon). O mesmo pode ser dito de Rami Malek, perturbador como o protagonista de "Mr Robot" (USA/Space).

    Mas não é possível, por nenhuma régua, comparar uma temporada única dos personagens explosivos de Moura e Malek com o trabalho continuamente impecável e sutil feito por Hamm com seu ensimesmado Don Draper ao longo de oito anos.

    O prêmio é o segundo Globo de Ouro de Hamm pelo papel (o primeiro fora na estreia) e serve como reverência por um personagem que marcou a tal "era de ouro" da TV.

    Os correspondentes também acertaram ao escolher "Mr Robot" como melhor série dramática e Taraji P Henson, que domina todas as cenas de "Empire" (Fox) na pele da ex-presidiária/dona de gravadora Cookie, como melhor atriz.

    A vigorosa estreia na TV do egípcio-americano Sam Esmail, uma obra sobre hackers, paranoia e solidão é, com folga, a melhor coisa que apareceu desde "Breaking Bad", mexendo com fantasmas muito contemporâneos.

    De resto, parece que a associação de correspondentes se inspirou naquele meme #adiferentona ao fazer suas escolhas para TV, preferindo eleger as coisas por sua obscuridade.

    Bom para a Amazon, que conseguiu emplacar a enfadonha "Mozart in the Jungle" como melhor série cômica - eles já haviam ganho em 2015, com "Transparent".

    "Mozart" é uma dramédia sobre músicos de uma orquestra. Certamente um tema original, mas nada que devesse superar "Veep" ou "Silicon Valley" (ou mesmo a já premiada "Transparent" e a novata "Casual").

    A mesma lógica vale para Rachel Bloom, premiada como melhor atriz cômica pela comédia musical "Crazy Ex-Girlfriend", do minúsculo canal americano CW (mantido, na verdade, pelas gigantes CBS e Time Warner). A própria atriz lembrou que a série teve o roteiro rejeitado seis vezes antes de ser produzida.

    Até quando acertou - como no caso da minissérie "Wolf Hall", uma história sobre intriga política na corte de Henrique 8o. que é a favorita desta colunista desde sempre - o Globo de Ouro parece ter virado as costas para o público e para os números de audiência, um movimento que raramente se vê no Emmy ou no Oscar.

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