• Ilustrada

    Monday, 29-Apr-2024 15:49:17 -03

    CRÍTICA

    Tensão erótica de 'Carol' agrada a público que quer beleza e justiça

    ANA RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    13/01/2016 02h04

    Quem for ao cinema assistir a "Carol" para ver Cate Blanchett fazer amor com uma mulher não se decepcionará. A tensão erótica entre os personagens de Blanchett (Carol) e Rooney Mara (Therese) está sempre presente.

    Os minutos passam arrastados até que elas comecem a se tocar. E, sim, tem beijos, bocas, peitos, pele, mãos e a fúria do encontro de dois corpos femininos que se desejam.

    Baseado no livro "The Price of Salt", que a mestre do suspense americana Patricia Highsmith lançou em 1952 sob o pseudônimo Claire Morgan, o filme traz a atmosfera chique dos anos 1950: chapéus, casacos de pele, carros conversíveis -e muito champanhe. As cores desbotadas com que o diretor Todd Haynes apresenta Nova York reforçam o clima de sofisticação.

    Carol Aird é linda e etérea, o tipo de mulher que Cate Blanchett nasceu para interpretar. Therese Belivet, vendedora de uma loja de departamentos e fotógrafa nas horas vagas, encontra corpo na atuação contida da também linda e clássica Rooney Mara.

    Tudo é hesitante na relação -até que deixa de ser.

    Divulgação
    Cena do filme 'Carol
    Cena do filme 'Carol'

    O desejo irrefreável é barrado por bloqueios internos que elas têm de transpor. Prestes a ceder à tentação, Therese pergunta: "Adianta lutar contra isso que estou sentindo?".

    Carol está em processo de separação do marido, que a chantageia e ameaça. Therese tem um namorado que pretende "casar e passar o resto da vida" com ela. Esses dois homens, e o mundo masculino, são o principal obstáculo externo desse caso de amor.

    O livro de Highsmith foi recusado pela editora de seus livros de suspense, Harper & Bros, e uma outra casa, Coward-McCann, aceitou publicá-lo em 1952. Nesse mesmo ano, a Associação Americana de Psiquiatria havia classificado a homossexualidade como transtorno mental.

    Se a disputasse com o ex-marido, Carol perderia a guarda da filha —era esse o seu grande dilema. Hoje, a vida seria outra. Carol poderia casar-se legalmente com Therese em qualquer um dos 50 Estados americanos.
    Em maio do ano passado, Blanchett, 46, revelou à revista "Variety" já ter namorado "muitas" mulheres. Sarah Paulson, a atriz que faz Abby, a melhor amiga de Carol no filme, é casada com Holland Taylor, 73 anos, que interpretou a mãe de Charlie Sheen na série "Two and a Half Man".

    Se o filme agrada aos que querem beleza, agradará também aos que buscam justiça e gostarão de constatar o quanto o mundo avançou e como o tipo de amor de Carol e Therese ganhou legitimidade nos últimos 60 anos.

    CAROL
    DIREÇÃO Todd Haynes
    ELENCO Cate Blanchett, Rooney Mara e Sarah Paulson
    PRODUÇÃO EUA, Reino Unido, 2015, 14 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (14)

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024