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    Artista plástica Kátia Canton deve assumir direção do MAC-USP até 2018

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    13/01/2016 19h45

    "É tão complicado que nem eu entendo direito o que está acontecendo, mas comprei essa briga. Estou dentro desse barco", diz a artista plástica Kátia Canton, que se prepara para assumir de forma definitiva a direção do Museu de Arte Contemporânea da USP. "Só estou complementando o mandato que ficou em aberto."

    No caso, Canton diz que em breve será oficializada no posto deixado pelo professor e arquiteto Hugo Segawa em novembro do ano passado. Ele renunciou à presidência do MAC depois que o conselho da instituição rejeitou sua proposta de licitação de um restaurante na cobertura da sede do museu no Ibirapuera, enxergando o episódio como um "voto de desconfiança" e abrindo espaço para que sua vice-diretora assumisse.

    Em tempos de crise, com quase todo o orçamento comprometido com a folha de pagamento, a USP se esforça para manter a casa em ordem. De acordo com a reitoria, a universidade deve gastar R$ 543 milhões neste ano em recursos próprios, não previstos no orçamento, para bancar gastos extras.

    Desse total, deverão sair os cerca de R$ 8 milhões necessários para transformar o subsolo do anexo do MAC em nova reserva técnica e os R$ 400 mil para bancar a transferência da biblioteca da instituição da Cidade Universitária para a nova sede.

    Rodrigo Dionisio/Frame/Folhapress
    * ATENÇÃO - IMAGEM EXCLUSIVA PARA A REVISTA SÃO PAULO* São Paulo, SP - 05/02/2015 - A artista-plástica Katia Canton, que inaugurou a exposição Ontem, na Galeria Paralelo, em Pinheiros, na zona sul de São Paulo. Foto: Rodrigo Dionisio/Frame/Folhapress ORG XMIT: Rodrigo Dionisio/Frame/Folhapress
    A artista plástica Kátia Canton com suas obras numa exposição na galeria Paralelo, em São Paulo

    Isso porque a reitoria da USP decidiu fechar a antiga sede do MAC em seu campus na zona oeste paulistana para concentrar todos os espaços do museu no prédio reformado pela Secretaria de Estado da Cultura a um custo de R$ 80 milhões —inaugurado há quatro anos, o novo endereço do museu só teve as áreas expositivas preparadas para receber parte do acervo, e não a reserva técnica, onde obras não expostas ficam guardadas.

    Durante a reforma do espaço, equipes do governo perceberam que um córrego canalizado passa embaixo do edifício, o que "paralisou a obra", de acordo com o ex-diretor Hugo Segawa, e até hoje complica a instalação de uma reserva técnica ali, já que o local escolhido para abrigar um dos maiores acervos de arte moderna da América Latina, com cerca de 10 mil obras, é alvo de constantes infiltrações e umidade excessiva.

    De acordo com Vahan Agopyan, vice-reitor da USP, a nova reserva técnica deve ficar pronta no segundo semestre deste ano. A biblioteca, que será transferida da Cidade Universitária para lá, também deve dobrar de tamanho e ganhar mais 60 mil volumes doados pela família do curador e crítico Walter Zanini, primeiro diretor do MAC. Mais robusto, esse acervo também representa um custo ainda mais alto para a manutenção.

    Nem o vice-reitor nem a nova diretora, no entanto, parecem ter clareza sobre os recursos necessários para o resgate do museu, que enfrenta agora sua maior crise desde que se deslocou para o Ibirapuera.

    Uma vez confimada no cargo, aliás, Canton será uma exceção na história do MAC, já que saiu do próprio conselho da instituição para assumir sua diretoria —a praxe é convidar alguém de fora do museu para conduzir suas operações, como Segawa, que veio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

    "É de fato um momento muito difícil tanto para a USP quanto para o Brasil e para o MAC. É micro e macro. Há a necessidade de maior infraestrutura para esse prédio enorme. Tudo isso junto é um caminho duro a ser enfrentado", diz Canton. "Por outro lado, alguém de dentro do museu tem uma noção histórica do que nós já atravessamos e o que podemos fazer para sair do problema."

    Uma das questões a ser enfrentadas, além da transferência para a nova sede, é a instalação do restaurante na cobertura, o pivô da saída de Segawa.

    Segundo Canton, o conselho se preocupa em garantir que o restaurante não receba atividades que desviem o foco da cultura e que haja um orçamento suficiente para garantir a manutenção e a segurança do museu caso o bar fique aberto além das horas normais de funcionamento da instituição. "O que o conselho quer é mais detalhamento dessa natureza, mas não pode ser restritivo demais de modo a impedir que a iniciativa privada se interesse."

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