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    Nos 150 anos de Euclydes da Cunha, veja dez curiosidades sobre Canudos

    MAURÍCIO MEIRELES
    COLUNISTA DA FOLHA

    20/01/2016 17h00

    Arquivo IHGB/Divulgação
    Litografia do Arraial de Canudos do arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

    A Guerra de Canudos, em 1897, foi imortalizada pela obra literária de Euclydes da Cunha. Só isso explica o levante popular ter entrado de forma tão forte para o imaginário brasileiro, enquanto outras revoltas mal são lembradas. Vendido pelo governo como um levante monarquista com influência internacional, Canudos mobilizou a república recém-nascida e a imprensa —que montou estrutura inédita para cobrir o conflito.

    A Folha preparou uma lista de dez curiosidades sobre o confronto entre o exército e os fiéis de Antônio Conselheiro. Veja abaixo:

    Flávio de Barros/IGHB
    O corpo exumado de Antônio Conselheiro

    1. A CABEÇA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO
    Depois de derrotar Canudos, os soldados desenterraram Antônio Conselheiro, cortaram sua cabeça e a levaram para Salvador a fim de ser estudada. Ela ficou na Faculdade de Medicina da Bahia até 1905, quando um incêndio destruiu o local.

    2.TÍTULO ERA DADO PELA IGREJA CATÓLICA
    O título de conselheiro existia de fato e era dado pela Igreja Católica a pessoas de vida exemplar, capazes de dar instruções religiosas.

    3. ANTÔNIO CONSELHEIRO FOI PRESO
    Em 1876, 20 antes da Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro foi preso acusado de matar a mulher e a mãe. Segundo o biógrafo de Euclydes, Roberto Ventura, a acusação era infundada. Ao ser solto, o Conselheiro prometeu construir 25 igrejas na Bahia.

    Flávio de Barros/Arquivo Histórico do Museu da República
    Grupo de jagunços de Canudos aprisionados pelo exército

    4. CANUDOS ERA CHAMADO DE BELO MONTE
    O nome pelo qual os fiéis conheciam o arraial era Belo Monte, escolhido por Antônio Conselheiro depois de inaugurar a Igreja de Santo Antônio no local.

    5. O FRACASSO DO CANHÃO
    Canudos era bombardeado com o canhão inglês Withworth, que pesava mais de sete toneladas, mas pifou logo no começo da batalha.

    6. A ORIGEM DA PALAVRA FAVELA
    A palavra "favela", hoje usada para definir comunidades carentes, vem do Morro da Favela, ao pé do qual ficava o Arraial de Canudos. O morro recebeu esse nome por conta da Jatropha phyllacantha, conhecida como faveleira ou mandioca-brava. Quando os soldados voltaram ao Rio de Janeiro, receberam autorização para morar no Morro da Providência. E passaram a chamar o local de favela.

    7, FRADE PEDIU INTERVENÇÃO DO GOVERNO
    Quem recomendou a intervenção do governo em Canudos foi um frade católico. Em 1895, o arcebispo da Bahia enviou os freis João Evangelista de Monte Marciano e Caetano de Leo para tentar dispersar os fiéis de Antônio Conselheiro. Na volta, o primeiro recomendou a ação do governo, porque os habitantes do local se recusavam a pagar impostos e obedecer à Igreja.

    Flávio de Barros/Arquivo Histórico do Museu da República
    Guerra de Canudos: oficiais do 29º Batalhão de Infantaria durante churrasco na localidade baiana. [Crédito completo da foto: Flávio de Barros/Arquivo Histórico do Museu da República] [FSP-Mais!-21.09.97]*** NÃO UTILIZAR SEM ANTES CHECAR CRÉDITO E LEGENDA***
    Oficiais do 29º de Infantaria, que combateram Canudos, fazem churrasco

    8. EXÉRCITO FOI DERROTADO TRÊS VEZES
    A primeira expedição do exército contra Canudos, fracassada, tinha 113 soldados. A segunda, também derrotada, já tinha 609 homens. Nem a terceira, com 1.300 praças, conseguiu vencer os fiéis de Antônio Conselheiro. O grupo só foi derrotado na quarta incursão do exército, que chegou a números superlativos: 6.160 soldados, 421 oficiais e 24 médicos.

    9. SURGEM OS CORRESPONDENTES DE GUERRA
    Canudos inaugurou a figura do correspondente de guerra na imprensa brasileira. As notícias eram levadas a pé ou de jegue até uma cidade próxima, onde havia sido instalado o telégrafo. Mas eram submetidas à censura militar e demoravam de 10 a 30 dias para ser publicadas.

    10. EUCLYDES NÃO VIU DERROTA DE CANUDOS
    Com febre, Euclydes da Cunha deixou a cobertura jornalística da Guerra de Canudos em 3 de outubro de 1897, dois dias antes da derrota do arraial.

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