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    Oscar 2016

    CRÍTICA

    'Joy', de David O. Russell, é sonho americano em versão Hollywood

    TETÉ RIBEIRO
    EDITORA DA "SERAFINA"

    21/01/2016 02h30

    "Joy" parece uma versão modernizada da história da Cinderela, em que no lugar de um príncipe encantado a mocinha vai atrás de seu próprio negócio. O subtítulo em português ("O Nome do Sucesso") não procura disfarçar isso.

    A trama é baseada na vida real da inventora de um esfregão que saiu do nada, passou por algumas dificuldades e triunfou no final. Mais esquemático impossível.

    Quem a interpreta é Jennifer Lawrence, e o papel já lhe rendeu o Globo de Ouro e sua quarta indicação ao Oscar.

    A direção é de David O. Russell, o mesmo dos dois melhores filmes recentes da atriz, "O Lado Bom da Vida" (2012) e "Trapaça" (2013), ambos com Bradley Cooper, que também está em "Joy", como Robert De Niro, que fez parte do elenco de "O Lado Bom da Vida". Completam o time duas atrizes de peso, que estão muito bem: Isabella Rossellini e Virginia Madsen.

    Divulgação
    Créditos: Divulgação Legenda: Cena do filme JOY ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Atriz Jennifer Lawrence como a protagonista de 'Joy', inventora de um esfregão que se torna dona de um grande negócio

    Mas o parágrafo inicial é um resumo muito mal-humorado. "Joy" é mais do que isso.

    Como nos filmes anteriores de Russell, traz uma mistura de estilos que desafia os gêneros clássicos do cinema, além de algumas de suas marcas: uma família confusa, barulhenta e que mais puxa o tapete do que traz conforto aos seus membros; músicas bem escolhidas; cenas surpreendentes; e ótimos diálogos.

    Uma das minhas falas favoritas é do pai da mocinha, personagem de De Niro: ele volta para casa, "devolvido" por sua nova mulher, e é criticado pela ex, interpretada por Virginia Madsen, que vive na cama assistindo a telenovelas. Retruca, irritado: "Você é como um vazamento de gás. Ninguém te vê, ninguém sente o seu cheiro, mas você está silenciosamente matando todos nós".

    MATRIARCA

    Joy é a filha mais nova e mora na casa da família depois que seu próprio casamento acabou. Tem dois filhos pequenos, seu ex-marido é um cantor sem trabalho que mora no porão, lugar que passa a dividir com o ex-sogro. Tem uma meia-irmã que a odeia, e sua avó, que a adorava e acreditava nela, já morreu.

    Ela teve que abandonar a faculdade para ajudar na contabilidade do negócio do pai quando ele e sua mãe se divorciaram. Dentro de casa ela já é uma matriarca, é quem conserta, limpa, cozinha e organiza a vida de um bando de crianças narcisistas –sejam elas crianças de verdade, caso de seus dois filhos pequenos, sejam seus pais, seu ex-marido e sua irmã.

    Assim como explora Joy, a única com a cabeça no lugar, a família espera que ela tenha uma ideia brilhante de como melhorar a vida. E, quando acontece de ela criar o tal esfregão revolucionário, todo mundo entra no negócio. E recruta amigos.

    No caminho, Joy se associa a uma empresa de trapaceiros que quer roubar seu modelo, vai à falência e se ergue com trabalho e esperteza.

    O sonho americano, sem tirar nem por.

    Deve ter poucas versões de Cinderela menos sexy do que essa. O único beijo do filme é do pai dela com a namorada que ele conhece na internet. Ela é uma viúva milionária, excêntrica e divertida vivida por Isabella Rossellini.

    Nem a chegada de Bradley Cooper, como um executivo que coloca Joy para vender seu produto na TV, faz gerar uma faísca para a protagonista.

    Mas não importa se essa gata borralheira não quer romance, o filme é bom de ver, ainda que fique em último lugar se comparado com os dois anteriores desse trio.

    JOY: O NOME DO SUCESSO
    (JOY)
    DIREÇÃO David O. Russell
    ELENCO Jennifer Lawrence, Robert De Niro e Bradley Cooper
    PRODUÇÃO EUA, 2015, 10 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (21)

    Edição impressa
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