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    Oscar 2016

    Indicado ao Oscar, Bryan Cranston vive roteirista perseguido em 'Trumbo'

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    24/01/2016 02h32

    Hilary Bronwyn Gayle/Bleecker Street/Associated Press
    This photo provided by Bleecker Street shows Bryan Cranston as Dalton Trumbo in Jay Roach's "Trumbo," a Bleecker Street release. Cranston was nominated for an Oscar for best actor on Thursday, Jan. 14, 2016, for his role in the film. The 88th annual Academy Awards will take place on Sunday, Feb. 28, at the Dolby Theatre in Los Angeles. (Hilary Bronwyn Gayle/Bleecker Street via AP) ORG XMIT: NYET415 - arteoscar2016
    Bryan Cranston como Dalton Trumbo no filme "Trumbo"

    "Não sei como está sendo para você, mas minha semana está ótima", brinca o ator Bryan Cranston, 59, ao encontrar a reportagem da Folha em um hotel de Hollywood.

    No dia anterior (14/1), o homem que virou ícone pop por seu professor-de-química-transformado-em-chefão-das-drogas na série "Breaking Bad" havia sido indicado ao Oscar de melhor ator por "Trumbo - Lista Negra", que estreia no Brasil na quinta (28).

    "É uma premiação conhecida no mundo toda e é minha primeira indicação. Ninguém mais vai poder tirar a frase 'indicado ao Oscar' antes do meu nome nos trailers dos filmes", diz Cranston.

    Ele já venceu quatro Emmy e um Globo de Ouro pelo papel de Walter White, em "Breaking Bad", e um Tony, ao interpretar o ex-presidente Lyndon B. Johnson (1908-1973) na peça teatral "All the Way".

    Em "Trumbo", o californiano mergulha em um dos episódios mais vergonhosos de Hollywood: a prisão de dez roteiristas, em 1947, acusados de conspiração contra o governo por compartilharem da ideologia socialista –algo visto como terrível no meio da paranoia da Guerra Fria.

    LISTA NEGRA

    Cranston vive Dalton Trumbo (1905-76), roteirista que venceu o Oscar por "A Princesa e o Plebeu", em 1954, e "Arenas Sangrentas", em 1957, mas não foi creditado na época por integrar a "Lista Negra" anticomunista adotada então pela maioria dos estúdios. "Fico até constrangido de admitir, mas não conhecia muito o caso", afirma o ator.

    "Com a ajuda das filhas dele e da pesquisa, percebi como aqueles homens foram presos sem terem cometido um crime, apenas por desagradar o governo com a maneira de responder às perguntas de um comitê absurdo."

    Trumbo foi questionado por oficiais, acusado de atos de subversão comuns ao período do macarthismo, proibido de trabalhar em Hollywood e preso por quase um ano.

    "O governo dizia que os cineastas estavam criando mensagens demoníacas, mas não possuíam evidências. Trumbo levava seus roteiros para os depoimentos e pedia para apontarem as mensagens contra o governo. Não havia nada. Era uma caça às bruxas."

    Cranston crê que a história "ecoa tão forte hoje quanto naquela época". Liga o período aos discursos reacionários de políticos, em especial aos candidatos à presidência dos EUA pelo Partido Republicano.

    "O medo é como uma fruta pendurada no galho", compara. "As pessoas declaram seus medos de forma aberta, então fica fácil para demagogos como Donald Trump colher essa fruta e vociferar mensagens sem soluções."

    Apesar do tema do longa, o ator não se diz politizado. "Não gosto de transformar filmes em mensagens."

    ADEUS, WALTER

    Três anos depois do fim de "Breaking Bad", a série que marcou a televisão sempre volta à tona. Mas Cranston garante que seu protagonista Walter White já era.

    "Estou feliz por ter me livrado dele, porque não quero nenhum resíduo de personagem atrapalhando na formação do seguinte", diz. "Foi um personagem completo. Tivemos começo, meio e fim."

    Cranston não fala com amargura. Entende a importância do papel, mas sente-se "fiel" aos que interpreta. "Não consigo manter diferentes personagens ao mesmo tempo. Seria como namorar cinco pessoas simultaneamente. Vivo cada um de forma intensa e depois mando embora."

    Mas não foi fácil para o ator livrar-se de Hal, que interpretou por sete anos na comédia televisiva "Malcolm in the Middle" e virar Walter White.

    "Minha briga foi provar ao mundo que o pai boboca de Malcom poderia fazer Walter White. Foi a reviravolta na minha carreira", lembra-se. "Vince Gilligan [criador de 'Breaking Bad'] me bancou e sofreu por isso. Executivos disseram que era a pior escolha da história. Entendo, mas acho que estavam errados."

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