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    crítica

    Diretor de ideias tolas faz fiasco de diálogos e encenações fracas

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    11/02/2016 02h39

    "História da Minha Morte", longa de 2013 do catalão Albert Serra ("Honra de Cavalaria"), chega ao circuito comercial brasileiro após exibição no Indie 2014, dentro de uma retrospectiva da carreira do diretor.

    Vencedor do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, mostra um envelhecido Casanova (Vicenç Altaió), personagem real do século 18, que viaja até um vilarejo para encontrar o Conde Drácula (Eliseu Huertas), personagem fictício do final do século 19.

    Giacomo Casanova foi um autor e aventureiro que escreveu "A História da Minha Vida", sua autobiografia, com a qual brinca o título do filme.

    Representado anteriormente por atores como Marcello Mastroianni ("Casanova e a Revolução", de Ettore Scola) e Donald Sutherland ("Casanova", de Fellini), entre outros, é um personagem quase sempre interessante.

    Albert Serra declarou não conhecer um único bom ator, que eram todos idiotas. Por isso vemos apenas atores não profissionais em seus filmes, como nos de Robert Bresson, ainda que a motivação de cada diretor seja bem diferente.

    Divulgação
    Cena de "A Historia da Minha Morte", filme de Albert Serra
    Cena de "A Historia da Minha Morte", filme de Albert Serra

    As ideias de Serra são tolas. Ele decidiu mudar no meio das filmagens a janela de exibição, do quase quadrado 4:3, para o scope, formato bem retangular estabelecido em 1953 para combater a popularidade da TV. Mas não avisou nenhum de seus três diretores de fotografia.

    Ou seja, o filme foi visualmente composto para uma dimensão muito diferente daquela com a qual foi lançado. Isso pode não ser notado hoje porque são raros os diretores que pensam na composição visual dos enquadramentos.

    O resultado é que por vezes temos informações cortadas. Por outras, os atores ficam aprisionados num espaço insuficiente, onde falta ar.

    Para confirmar o fiasco, a trama se arrasta insuportavelmente com diálogos fracos, situações patéticas e encenação quase sempre preguiçosa.

    Não é bom usar as declarações do autor para basear nossa experiência, mas fica difícil não pensar aqui que o cinema está sendo ultrajado por quem no fundo o detesta.

    HISTÓRIA DA MINHA MORTE
    DIREÇÃO: Albert Serra
    ELENCO: Vicenç Altaió, Eliseu Huertas
    PRODUÇÃO: Espanha/França/Romênia, 2013, 14 anos
    QUANDO: estreia nesta quinta (11)

    Edição impressa

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