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    crítica

    Com Mondrian, CCBB se afasta de tendência populista

    FABIO CYPRIANO
    CRÍTICO DA FOLHA

    12/02/2016 10h54

    "Mondrian e o Movimento de Stijl" faz o CCBB - Centro Cultural do Brasil de São Paulo começar sua agenda de 2016 afastando-se de uma tendência populista e até mesmo enganosa que dominou 2015, quando nomes de artistas eram invocados para atrair público. Foi o caso de "Picasso e a Modernidade Espanhola", com poucas obras do cubista mais conhecido.

    É verdade que, na mostra atualmente em cartaz, há espaços de interação um tanto exagerados, como o da icônica "Cadeira Vermelho Azul", de Gerrit Rietveld, agigantada para facilitar os sefies. Mas é fato que tais ambientes não contaminam a exposição, onde junto com as obras estão textos que auxiliam em sua compreensão sem demagogia.

    Essa aliás, é uma das questões essenciais da mostra organizada por Benno Tempel, Hans Janssen e Pieter Tjabbes: Mondrian é compreendido em seu contexto e não apenas com um gênio isolado. Melhor, a mostra apresenta sua carreira de forma didática e com uma quantidade de obras bastante razoável, são cerca de 30 delas, algumas obras-primas incontestáveis.

    O holandês Piet Mondrian (1872-1944) é um dos artistas modernos que melhor representam o caminho da arte figurativa para a arte abstrata por meio de umas das mais elegantes simplificações dos elementos pictóricos em linhas retas e cores primárias.

    Esse percurso teve início com pinturas figurativas tradicionais, do início da década de 1910, sendo que 17 delas estão ao redor do cofre do CCBB, no subsolo do prédio.

    Por suas cores sombrias, é difícil imaginar que Mondrian daria um salto tão radical nos próximos anos.

    Mas sua transição para o abstrato é vista de maneira bastante explícita no quarto andar da instituição, onde estão expostas dez obras, entre elas "Paisagem", de 1912, quando a desconstrução da representação do real já se percebe inevitável.

    Mondrian começa aí a reduzir as cores e as formas, chegando em dois anos a um dos mais belos trabalhos da exposição: "Composição Oval com Planos de Cor", de 1914.

    Seu período mais representativo, contudo, quando só restam linhas e cores primárias, a chamada fase neoplasticista, tem no terceiro andar da mostra apenas três obras.

    A pequena seleção, no entanto, é compensada pela excelente sala que apresenta seus companheiros do movimento De Stijl, que uniu arquitetura, design e arte e criou um dos pilares do modernismo.

    A sala apresenta trabalhos de Theo van Doesburg, fundador da revista que deu nome ao movimento, do arquiteto Gerrit Rietveld e do fotografo Piet Zwart entre outros.

    Pena apenas que as salas do CCBB continuem fracionadas e a mostra precise ser percorrida como um labirinto, o que vai seguir assim por algum tempo, já que o projeto de expansão para a galeria Prestes Maia, no centro da cidade, foi desconsiderado.

    MONDRIAN E O MOVIMENTO DE STIJL
    ONDE CCBB, r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. (11) 3113-3651
    QUANDO de qua. a seg., das 9h às 21h; até 4/4
    QUANTO grátis

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