O Grammy, maior prêmio musical do planeta, tem sua 58ª edição na noite desta segunda (15), em Los Angeles, com transmissão na TV.

Como confronto principal, as 11 indicações do rap de Kendrick Lamar e as sete do pop de Taylor Swift. Curiosamente, os dois concorrem em duo na categoria Performance Pop de Dupla ou Grupo, com a canção "Bad Blood", do último álbum dela, "1989".

Com 6 milhões de cópias físicas vendidas, "1989" é desses lançamentos que estampam sorrisos nos rostos dos chefões da indústria fonográfica. E o Grammy é, antes de tudo, uma "festa da firma", criado para reconhecer os melhores funcionários do ano. Ou seja, quem vende mais.

	Kevork Djansezian - 28.jun.2015/Reuters
	Kendrick Lamar e seu rap "Alright" nos prêmios BET de 2015, na Califórnia

Kendrick Lamar também tem uma marca expressiva. "To Pimp a Butterfly", seu terceiro álbum, acaba de ultrapassar um milhão de cópias físicas, o que não é pouco em tempos de venda digital.

Enquanto seu "primo" mais famoso, o Oscar, ainda consegue surpreender e às vezes prefere premiar um filme pequeno e talentoso como "Guerra ao Terror" diante de um blockbuster como "Avatar", o Grammy não costuma armar essas surpresas.

Poderia até arriscar uma neste ano, com o ótimo CD "Beauty Behind the Madness", do cantor canadense The Weeknd, com sete indicações, mas vestido de azarão.

Taylor Swift já tem em casa sete gramofones dourados –o charmoso formato do Grammy–, que ganhou entre 2009 e 2012, quando seu trabalho era encaixado nas categorias de música country. Kendrick Lamar já ganhou dois. The Weeknd ainda não foi premiado.

NOITE DE TRIBUTOS

Os três devem cantar na premiação. Estão programadas 19 apresentações no palco, entre elas três tributos a ídolos mortos neste ano: David Bowie, Lemmy (Motörhead) e Glen Frey (Eagles).

A performance mais aguardada é Lady Gaga fazendo tributo a Bowie. Uma dupla que é bom exemplo da pouca relação que o Grammy tem com a qualidade musical: Gaga já ganhou seis prêmios; Bowie, apenas um em sua carreira.

Há outros resultador descabidos no histórico do prêmio. Alicia Keys tem em casa 15 gramofones. Diana Ross, referência para várias gerações de cantoras, inclusive Alicia, nunca ganhou.

Rolling Stones, Elvis Presley e Brian Wilson, lendário líder dos Beach Boys, têm, somados, sete estatuetas. Sozinha, a cantora mediana Sheryl Crow tem nove prêmios.

Os maiores vencedores da história reúnem Georg Solti (1912-1997), regente da Sinfônica de Chicago por 22 anos e vencedor de 31 Grammy, e o produtor Quincy Jones, 82, e a cantora e violinista de country Alisson Krauss, 44, ambos com 27 prêmios. A supervalorização dela pelo Grammy é incompreensível.

Justiças e injustiças do Grammy

TRÊS HORAS E MEIA

São 83 categorias nesta edição. Para não transformar a festa numa transmissão interminável, alguns prêmios são entregues numa parte não televisionado da cerimônia. As categorias mais importantes –leia-se populares– entram nas três horas e meia de transmissão ao vivo.

Quando o Grammy começar a ser transmitido, já estará revelada a sorte dos três discos brasileiros na disputa. Gilberto Gil pode ganhar seu terceiro Grammy, concorrendo na categoria Álbum de World Music com o disco "Gilberto Sambas Ao Vivo".

A cantora e pianista brasileira Catina DeLuna não concorre diretamente a um prêmio, mas seu disco "Lado B - Brazilian Project", feito em colaboração com o pianista e arranjador venezuelano Otmaro Ruíz, deu a ele indicação de Melhor Arranjo, com a faixa "Garota de Ipanema".

Eliane Elias, pianista brasileira radicada nos Estados Unidos, concorre em Álbum de Jazz Latino com seu 24º disco, "Made in Brazil".

Nos últimos anos, o Grammy suprimiu categorias risíveis, como Melhor Álbum de Polca, mas persistem prêmios um tanto esdrúxulos, como Melhor Embalagem de Disco.

A música "All Day", de Kanye West, pode causar superlotação no palco se vencer na categoria Melhor Canção de Rap: foi escrita por 19 pessoas, entre elas Paul McCartney.

OS INDICADOS AOS PRINCIPAIS PRÊMIOS

Gravação do ano
D'Angelo and The Vanguard, por "Really Love"
Ed Sheeran, por "Thinking Out Loud"
Mark Ronson feat. Bruno Mars, por "Uptown Funk"
Taylor Swift, por "Blank Space"
The Weeknd, por "Can't Feel My Face"

Álbum do ano
Alabama Shakes - "Sound & Color"
Chris Stapleton - "Traveller"
Kendrick Lamar - "To Pimp a Butterfly"
Taylor Swift - "1989"
The Weeknd - "Beauty Behind the Madness"

Canção do ano
Ed Sheeran - "Thinking Out Loud"
Little Big Town - "Girl Crush"
Kendrick Lamar - "Alright"
Taylor Swift - "Blank Space"
Wiz Khalifa - "See You Again"

Performance solo
Eddie Sheeran - "Thinking Out Loud"
Ellie Goulding - "Love Me Like You Do"
Kelly Clarkson - "Heartbeat Song"
Taylor Swift - "Blank Space"
The Weeknd - "Can't Feel My Face"

Performance de dupla ou grupo
Florence + The Machine - "Ship to Wreck"
Mark Ronson feat. Bruno Mars - "Uptown Funk"
Maroon 5 - "Sugar"
Taylor Swift feat. Kendrick Lamar - "Bad Blood"
Wiz Khalifa feat. Charlie Puth - "See You Again"

Artista revelação
Courtney Barnett
James Bay
Meghan Trainor
Sam Hunt
Tori Kelly

NA TV
Grammy Awards
Cerimônia de premiação
QUANDO segunda (15), 23h, TNT