• Ilustrada

    Wednesday, 15-May-2024 11:19:50 -03

    Catástrofe e utopia guiam drama e documentário no Festival de Berlim

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

    18/02/2016 02h41

    Catástrofe e utopia se entrelaçam na competição do 66º Festival de Cinema de Berlim com as exibições de "Zero Days", do americano Alex Gibney, e "The Commune" ("Kollectivet", no original), do dinamarquês Thomas Vinterberg.

    O primeiro é o novo documentário do diretor vencedor do Oscar na categoria por "Um Táxi para a Escuridão", que lança um alarme sobre uma guerra cibernética travada nos bastidores da política internacional.

    O segundo, do ex-integrante do movimento Dogma 95, é um drama sobre um grupo de pessoas que resolve viver em comunidade nos anos 1970.

    Divulgação
    Cena do filme 'The Commune
    Cena do filme 'The Commune'

    Recebido de forma morna em Berlim, "Zero Days" tem como pressuposto a descoberta de um vírus de computador poderoso que parecia notadamente endêmico no Irã.

    O filme mostra que o malware havia sido confeccionado a mando dos governos dos EUA, Reino Unido e Israel por volta de 2010 como forma de sabotar o programa nuclear iraniano, estopim para que Teerã contra-atacasse e irrompesse uma guerra silenciosa ainda em curso.

    Num mundo tão interconectado, sugere o filme, vírus criados por governos podem causar tragédias: apagões, alteração do curso de trens para provocar acidentes, etc.

    "Esses vírus são armas", disse Gibney após a exibição do filme à imprensa. "Ninguém entende porque não se fala sobre o assunto, mas estamos todos vulneráveis, especialmente nos EUA."

    Embora pouco inovador na forma, o documentário conta com depoimentos contundentes obtidos de integrantes da NSA, a agência de segurança que fez parte dessa guerra cibernética.

    UTOPIA NÓRDICA

    Diante o alarmismo do documentário "Zero Days", o drama "The Commune" sugere a utopia –ainda que destaque todos os dilemas e incompatibilidades resultantes de quando o casal Erik (Ulrich Thomsen) e Anna (Trine Dyrholm) resolve abrir a própria casa para uma vida comunal com outras pessoas.

    "As pessoas não dividem mais as coisas. Nunca houve tanta gente morando sozinha", disse o diretor Thomas Vinterberg, que considera o filme uma declaração de amor à sua infância, nos anos 1970, quando morou com os pais numa casa habitada por várias famílias diferentes.

    assista ao trailer

    Apesar do idealismo, as coisas começam a ruir aos poucos: o casamento dos protagonistas entra em crise, conflitos entre os outros membros afloram. "É uma obra sobre a impermanência das coisas: as pessoas se divorciam, se desapaixonam, mas o grupo sobrevive porque continua junto."

    Tônica desta edição, a questão dos refugiados também veio a tona na coletiva do filme. "Tenho vergonha de ser dinamarquês", disse Vinterberg. Ele se referia a recente medida proposta pelo governo de seu país de sequestrar joias e bens de valor de imigrantes sírios.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024