Dez anos depois da apresentação histórica na praia de Copacabana, quando tocaram diante de um milhão de pessoas, os Rolling Stones voltaram ao Rio de Janeiro na noite de sábado (20) para abrir a fase brasileira da turnê latino-americana Olé. É a quarta passagem do grupo para shows no país.

O portão só foi aberto às 17h, uma hora depois do marcado, e o sol escaldante só foi aliviado com a forte chuva que caiu às 19h, deixando o Rio em estado de atenção.

A banda inglesa subiu ao palco no estádio do Maracanã às 21h50, um atraso de 20 minutos devido a problemas técnicos em um dos dois telões por conta do temporal.

Eles abriram o show com os acordes marcantes de "Start Me Up", maior hit de seu álbum de 1981, "Tattoo You".

O público urrou, hipnotizado pelas figuras esquálidas de Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood, que se moviam erraticamente diante da bateria de Charlie Watts.

Na segunda música, "It's Only Rock n' Roll (But I Like it)", misto de hino e declaração oficial de amor ao rock, as cerca de 65 mil pessoas no estádio comungaram com a banda. O repertório até aqui tem privilegiado os maiores sucessos dos 54 anos de estrada dos Stones.

Houve "Gimme Shelter", uma insana versão de "Brown Sugar", "Sympathy for the Devil" (com Jagger usando uma capa vermelha) e "Jumpin' Jack Flash".

Uma "quase" surpresa foi "Angie", pouco tocada nessa turnê. Encantou o público, seguida por um grande hit, "Honky Tonk Woman".

Jagger apresentou a banda com brincadeiras. Disse que Ron Wood era o mascote das Olimpíadas do Rio e que Charlie Watts vai todas as noites à quadra da Mangueira.

Keith Richards foi aplaudido por dois minutos sem parar e depois cantou duas: "You Got the Silver" e "Before They Make Me Run".

Após um bis com "You Can't Always Get What You Want" e "Satisfaction", os Stones encerraram um show de duas horas e dez minutos de duração.

EXCITADOS

Saber antes a lista de músicas, muito divulgada na internet, deixou os fãs ainda mais excitados. Muitos tem o anunciado repertório em seus celulares e aumentam a empolgação com a proximidade de suas favoritas.

Um diferencial a cada show é uma música escolhida em votação no site da banda. No Rio, ganhou "Like a Rolling Stone", canção Bob Dylan que os Stones regravaram.

Os fãs formam um grupo heterogêneo, com gerações e nacionalidades diferentes. Entre rodinhas de conversa que às vezes exibem pai, filho e neto, é possível escutar gente falando espanhol, inglês, alemão e italiano. Mas todos cantam em inglês cada música, junto com Jagger.

Boa parte do público chegou em cima da hora para o show. Pouca gente viu as bandas brasileiras de abertura, Dr. Pheabes e Ultraje a Rigor, esta tocando sob chuva forte. Quando os Stones iniciaram seu show, a chuva havia dado uma trégua.

ULTRAJE

O show de abertura do Ultraje a Rigor teve o vocalista da banda, Roger Moreira, xingando parte da plateia.

Crítico do PT, ele ouviu gritos de "coxinha" vindos da pista VIP. "Vocês vão cair", disse, tomando o grupo como apoiador do governo e mostrando o dedo médio, antes de dedicar a música "Filha da Puta" a quem o criticava.

Os primeiros fãs chegaram ao estádio no começo da manhã, e havia gente de cidades como Belém, Maceió, Porto Velho e Belo Horizonte esperando para ver os Rolling Stones de perto.

Mas não foram os brasileiros os primeiros a entrar. Um grupo de turistas dinamarqueses e italianos se antecipou todos e ocupou o primeiro lugar da fila.

"Chegamos cedo porque normalmente as filas para shows dos Stones começam 12 horas antes e ficamos com medo de ficar para trás", disse o dinamarquês Kalle Schelde, 20 anos.

A turnê dos Stones no Brasil prossegue com dois shows em São Paulo, na quarta (24) e no sábado (27), e um em Porto Alegre, no dia 2 de março.

Com THALES DE MENEZES, MARCO AURÉLIO CANÔNICO, LUIZA FRANCO, NICOLA PAMPLONA e ISABELA DIAS

ROLLING STONES - OLÉ
SÃO PAULO 20 e 27/2, no estádio do Morumbi (pça. Roberto Gomes Pedrosa, 1); ingr.: R$ 260 a R$ 900; 16 anos
PORTO ALEGRE 2/3, no estádio Beira-Rio (av. Padre Cacique, 891); ingr.: R$ 350 a R$ 1.500; 16 anos