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    crítica

    Esbanjando simpatia, Stones fizeram show impecável no Rio

    THALES DE MENEZES
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    22/02/2016 02h10

    A sensação é a de ter assistido ao maior espetáculo musical da Terra. Como encontrar outras duas horas e dez minutos com tanta concentração de ótima música, tocada por gente tão carismática, que desperta lembranças afetivas de vários momentos da vida de cada pessoa?

    Sim, o rock perdeu sua relevância, não é mais a música emblemática da juventude. Como gostam alguns, o rock morreu. Pode ser, mas como convencer disso as 65 mil pessoas que foram sábado (20) ao Maracanã ver os Rolling Stones?

    Essas, como dezenas de milhares que vão assistir aos outros shows da turnê, juram que o rock está muito vivo.

    Vive no vigor de Mick Jagger, 72, cantando com voz forte e saltitando como um moleque. Na pose de Keith Richards, 72, curvado sobre a guitarra como fazia na adolescência ao imitar Chuck Berry. Na imagem de Charlie Watts, 74, tocando bateria com o mesmo semblante sereno que exibe há 54 anos.

    A melhor coisa nessa quarta vinda dos Stones ao Brasil é que, nas outras vezes, a banda divulgava um álbum recente. Como todos os grandes nomes do rock surgidos na década de 1960, as últimas safras de música de Jagger & Richards são até muito boas, mas não se comparam ao repertório clássico de seus primeiros 20 anos de estrada.

    Sem material novo, os Stones se dedicam na turnê latino-americana Olé a mostrar provas incontestáveis da razão de formarem a maior banda de rock do mundo.

    Da primeira música da noite, "Start Me Up", à última, "(I Can't Get No) Satisfaction", com a poderosa frase de guitarra que Keith Richards inventou em 1965.

    MELHORES CANÇÕES

    Claro, entre as mais de 400 canções gravadas pela banda, os fãs reclamam da falta desta ou daquela. Mas o repertório da turnê é bom demais.

    No encerramento, antes do bis apoteótico com a balada com acompanhamento de coral "You Can't Always Get What You Want" e o hino "Satisfaction", o grupo emenda quatro músicas que só não entram entre as 50 melhores canções da história do rock se o responsável pela lista estiver com más intenções.

    São elas "Gimme Shelter", "Sympathy for the Devil", "Brown Sugar" e "Jumpin' Jack Flash". Todas lançadas entre 1968 e 1971, o auge criativo da banda. Se até aquela parte do show o público já estava hipnotizado, depois dessa avalanche de rock todos ali foram inapelavelmente convertidos à religião dos Stones.

    É tanta música que o grupo tem dado aos fãs a chance de escolher por votação uma das canções da noite. No Rio, a eleita foi "Like a Rolling Stone". A canção de Bob Dylan e o nome da banda de Jagger, que a regravou, têm inspiração igual, numa frase do bluesman Muddy Waters: "Pedras que rolam não criam limo".

    Essas músicas foram apresentadas por uma banda impecável esbanjando simpatia. Jagger brincou muito com todos em um português respeitável (certamente ter um filho brasileiro ajuda). E, na apresentação de cada integrante, Keith Richards foi aplaudido pelo público por dois minutos seguidos. Com sorriso aberto, teve de esperar lisonjeado até ter chance de começar a canção seguinte.

    Nesta semana é a vez dos paulistas. É só rock'n'roll, mas todo mundo gosta.

    ROLLING STONES NO RIO

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    INGRESSOS

    Após mais de duas horas de show no Rio de Janeiro, neste sábado (20), os Rolling Stones desembarcam em São Paulo para duas apresentações, nos dias 24 e 27, no estádio do Morumbi.

    Restam ingressos apenas para a primeira data, no setor 3 (R$ 600 a inteira) e no camarote (também R$ 600).

    No dia 2 de março, é a vez de Porto Alegre. Quem quiser ver de perto a "maior banda do mundo" na capital gaúcha terá de desembolsar R$ 1.500 por um assento no camarote leste do estádio Beira-Rio.

    Informações no site www.rollingstones2016.com.br.

    ROLLING STONES - OLÉ
    SÃO PAULO 24 e 27/2, no estádio do Morumbi (pça. Roberto Gomes Pedrosa, 1); ingr.: R$ 600; 16 anos
    PORTO ALEGRE 2/3, no estádio Beira-Rio (av. Padre Cacique, 891); ingr.: R$ 1.500; 16 anos

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