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    crítica

    Mortos-vivos infectam com humor clássico 'Orgulho e Preconceito'

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    25/02/2016 02h15

    Quando começaram a chegar às livrarias romances que introduziam zumbis e outras criaturas do gênero do terror em clássicos incontestáveis da literatura, a crítica e o público se dividiram na aprovação dessa iniciativa pós-moderna. Amor e ódio, em igual escala.

    "Orgulho e Preconceito e Zumbis", que estreia nesta quinta-feira (25) no país, deixa claro que a brincadeira pode ser bem mais divertida –ou aceitável– nos filmes do que nos livros. Respeitando ou não esse novo gênero de misturas, é evidente que o filme é muito engraçado.

    A estrutura do romance da inglesa Jane Austen, publicado em 1813, está mantida. Elizabeth é uma das cinco filhas da família Bennet. Ela, a única sem desespero para se casar com um bom partido, começa uma relação de atração e rejeição com o sr. Darcy, que chega à sua cidade acompanhando um amigo rico.

    Entre bailes e passeios no campo, o livro discute a moral e os códigos de conduta nos casamentos da Inglaterra do começo do século 19.

    O filme também poderia fazer isso, caso os combates entre os personagens principais e as hordas ameaçadoras de mortos-vivos não ocupassem boa parte do roteiro.

    Uma narração na abertura do filme resolve o problema ao explicar como esse cenário foi montado. O grupo de zumbis que passa a caminhar pela Terra tentando morder humanos e transformá-los em monstros semelhantes se tornou uma preocupação cotidiana por toda a Europa.

    A ponto de obrigar as famílias abastadas a enviar filhos e filhas para China e Japão. Lá, aprendem técnicas milenares de lutas com espadas para que se defendam de ataques dos mortos-vivos.

    Talvez o leitor se espante com tamanha bobagem, mas "Orgulho e Preconceito e Zumbis" é do tipo de filme que, para ser apreciado, precisa que o público aceite seu convite ao absurdo. E vale a pena embarcar nessa.

    Parece uma mistura dos filme de época de James Ivory, como "Uma Janela para o Amor", com os momentos sangrentos de Quentin Tarantino.

    RITMO

    No livro de Seth Grahame-Smith que gerou o longa, sucesso de vendas, essa combinação demora a esquentar –há um problema evidente de ritmo. Na tela, tudo vai melhor.

    No início do filme, um baile é interrompido por uma invasão de zumbis. As irmãs Bennet não demonstram hesitação. Debaixo dos vestidos, espadas são desembainhadas. O que se vê são cabeças de zumbis rolando pelo salão. Tanta violência se opõe à graciosidade das moças, principalmente de Elizabeth.

    A inglesa Lily James, da série "Downton Abbey" e da recente adaptação cinematográfica de "Cinderela", é a melhor coisa de um elenco de canastrões. O que não influi no bom resultado. Não é preciso uma grande interpretação para enfrentar zumbis.

    A pretensão de "Orgulho e Preconceito e Zumbis" é apenas diversão. Sob essa análise, se sai muito bem.

    ORGULHO E PRECONCEITO E ZUMBIS
    (Pride and Prejudice and Zombies)
    DIREÇÃO: Burr Steers
    ELENCO: Lily James, Sam Riley
    PRODUÇÃO: EUA, 2016, 12 anos
    QUANDO: estreia nesta quinta (25)

    Edição impressa

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