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    Oscar 2016

    'Leo tem um bom papel todo ano, e os negros?', ironiza Chris Rock no Oscar

    DE SÃO PAULO

    28/02/2016 22h45 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    A ausência negros entre os indicados ao Oscar 2016 nas principais categorias do prêmio monopolizaram o discurso do ator e comediante Chris Rock, 51, apresentador da cerimônia na noite deste domingo (28).

    "Contei 15 negros ali fora, pelo menos", disse ele assim que entrou no palco. Rock comandou a premiação em 2005, e brincou que esta foi a "edição mais louca" que já apresentou.

    O comediante foi mordaz do começo ao fim, em comentários sobre discriminação e racismo. Defendeu, sobretudo, oportunidades semelhantes para atores negros e atores brancos: "O Leo [DiCaprio, indicado por 'O Regresso'] tem um bom papel todo ano. E o Jamie Foxx?".

    O apresentador ironizou até mesmo os protestos: "A falta de indicação para negros já aconteceu 71 outras vezes. Aconteceu nos anos 1950, 1960. Acho que não havia indicados negros em 1962 e 1963 e ninguém protestou. Tínhamos coisas verdadeiras para protestar naquela época. Estávamos muito preocupados sendo assaltados, linchados, do que preocupados com o cinema".

    Rock também abordou o assassinato de jovens negros pela polícia americana. "Este ano no 'in memoriam', vai ter negros mortos por policiais", criticou. Foi ovacionado pela plateia.

    Estranho seria se o apresentador ignorasse o assunto, incontornável desde que a lista de indicados foi divulgada. A falta de diversidade no principal prêmio do cinema pautou o debate nas redes, sob a hashtag #OscarSoWhite (Oscar tão branco), tanto que foi o principal assunto no almoço entre os finalistas do prêmio, em Los Angeles.

    Campanhas e análises buscaram chamar a atenção para a desigualdade racial na indústria do cinema; o ator Will Smith e o diretor Spike Lee lideraram o boicote à cerimônia.

    Esperava-se que Rock, anunciado como o anfitrião da noite antes dos finalistas (e da polêmica), aderisse aos protestos e declinasse do convite. Ele respondeu com uma piada: disse que o Oscar era apenas a versão branca do BET, prêmio anual dedicado a artistas negros.

    A ironia do humorista já estava no radar dos produtores do Oscar, que disseram já esperar comentários polêmicos do apresentador.

    Questões raciais nunca saíram do radar de Rock, que começou a carreira como comediante em clubes de stand-up de Nova York. Ficou famoso quando chegou à televisão, em 1990, no elenco de "Saturday Night Live" —ficou no programa por três anos. Estreou nos cinemas em 1987, com "Um Tira da Pesada 2".

    Em 1998, produziu a série "Todo Mundo Odeia o Chris", inspirada em sua biografia, em que destilava ironia para falar das diferenças sociais e econômicas entre negros e brancos a partir de uma família afro-americana dos anos 1980.

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