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    Musical dos Mamonas Assassinas bebe na chanchada de Dercy Gonçalves

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE EDITORA-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    02/03/2016 02h00

    Como anjinhos endiabrados, ostentando asas brancas sobre um palco que faz as vezes de céu, os integrantes dos Mamonas Assassinas recebem do anjo Gabriel uma missão: precisam recontar sua história em forma de musical.

    É esse princípio metalinguístico que guia "O Musical Mamonas", espetáculo com estreia marcada para o dia 11 de março em São Paulo.

    Da cena celestial descrita acima, segue-se uma narrativa cronológica da banda, desde a formação do Utopia (primeiro nome do grupo, quando fazia rock "sério") ao sucesso dos Mamonas.

    Ike Levy/Divulgação
    Adriano Tunes (Julio), Elcio Bonazzi (Samuel), Ruy Brissac (Dinho), Arthur Ienzura (Sergio) e Yudi Tamashiro (Bento)
    Adriano Tunes, Elcio Bonazzi, Ruy Brissac, Arthur Ienzura e Yudi Tamashiro

    No texto do dramaturgo Walter Daguerre, tudo é centrado na carreira do quinteto, e muito pouco é dito da vida pessoal de cada um.

    Até o trágico acidente aéreo que matou os integrantes da banda, há exatos 20 anos, não tem menção direta: são feitas apenas alusões ao fato.

    "Não quisemos lidar com o universo familiar, mas mostrar a ascensão dessa banda desde o anonimato", explica o diretor José Possi Neto.

    Das músicas, porém, não se vê só a produção dos Mamonas. Além de títulos como "Robocop Gay" e "Vira-Vira", fazem parte da trilha sonora bandas que influenciaram o quinteto: Titãs ("Comida"), Legião Urbana ("Geração Coca-Cola"), Guns N' Roses ("Sweet Child O' Mine").

    Os arranjos transitam entre diversos estilos, do rock ao xaxado, e dão "uma cara 'mamônica' às músicas", como define o diretor musical Miguel Briamonte.

    Para Possi, o humor "ingênuo e infantil" da banda é análogo ao que se fazia nas chanchadas da produtora Atlântida, que tinha entre seus principais nomes a atriz Dercy Gonçalves (1907-2008).

    "É um humor que nunca feriu ninguém", afirma. O diretor buscou para o cenário –composto em boa parte de projeções– e para as interpretações uma linguagem próxima do cartum. Um visual, diz ele, presente nos shows dos Mamonas e no clipe de "Pelados em Santos".

    TREJEITOS

    Em cena, os atores Ruy Brissac (que interpreta Dinho), Adriano Tunes (Julio), Yudi Tamashiro (Bento), Elcio Bonazzi (Samuel) e Arthur Ienzura (Sergio) não tocam os instrumentos –estes ficam por conta de cinco músicos, alocados atrás do palco–, mas cantam e mimetizam os trejeitos cômicos do quinteto, com suas danças esquisitonas.

    Ainda há espaço para as imitações que Dinho fazia, como a de Silvio Santos, a mais difícil, segundo Ruy. "Ele conseguia mudar muito a voz. O bichinho era arretado."

    Paulista de Bom Jesus dos Perdões, o ator de 26 anos se parece muito com o retratado. "As pessoas sempre me pararam na rua, pediam para tirar foto", conta ele, que também viverá o vocalista em uma minissérie da TV Record.

    Depois de São Paulo, o musical segue para o Rio, onde faz temporada, em julho e agosto, no Theatro Net.

    O MUSICAL MAMONAS
    QUANDO qui., sex. e sáb., às 21h, dom., às 18h; de 11/3 a 29/5
    ONDE Teatro Raul Cortez, r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1631
    QUANTO R$ 120
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

    Edição impressa

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