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    ANÁLISE

    Concertos menos badalados da Osesp também merecem atenção

    SIDNEY MOLINA
    CRÍTICO DA FOLHA

    09/03/2016 02h02

    Natália Kikuchi/ Divulgação
    SAO PAULO, SP, 02-07-2015 - Marin Alsop rege a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) na Sala São Paulo, na pré-abertura do 46 Festival de Inverno de Campos do Jordão. Crédito: Natália Kikuchi/ DIvulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Marin Alsop rege a Osesp na Sala São Paulo, na pré-abertura do 46º Festival de Inverno de Campos do Jordão, em 2015

    De meados do século 18 até hoje a estrutura dos concertos sinfônicos passou por enormes modificações. Dos programas que apresentavam uma miscelânea de autores e trechos de obras à fixação canônica dos clássicos foi um longo processo.

    A ramificação sem precedentes do repertório a partir do final do século 20 -que abarca tanto as várias produções contemporâneas como reavaliações musicológicas do passado- torna a programação de uma temporada de concertos, hoje, uma atividade bastante complexa.

    Há de se ter um elaborado projeto de curadoria para equilibrar o jogo de forças entre músicos, regente titular, obras, solistas, maestros convidados e o público.

    Já há alguns anos a Osesp tem apostado na descentralização entre a direção artística de Arthur Nestrovski (quem, em última análise, assina a programação) e a direção musical (o foco na realização sonora) da regente titular, Marin Alsop. É uma postura moderna e saudável.

    Analisando as minúcias da temporada 2016 vemos que as atrações mais badaladas podem roubar a visibilidade de programas potencialmente muito ricos. Meses antes da integral dos concertos de Beethoven em três dias de outubro com o pianista Paul Lewis, o seu recital solo (24/4) com "Intermezzos" op.117 e "Baladas" op.10 de Brahms, "Sonata n.9" de Schubert e "Après une Lecture de Dante" de Liszt tem tudo para ser uma experiência única.

    Também poderá ser especial ver Alsop reger "Kabbalah", de Marlos Nobre (em abril), e ter o jovem James Gaffigan no comando da encomenda "O Sotaque Azul das Águas", do português Luís Tinoco (em maio).
    Mas não podemos, sobretudo, subestimar as séries dos grupos menores (como os coros, orquestra de câmara, quarteto de cordas e os Solistas da Osesp).

    Alguns destaques são "Ramificações", de Ligeti, com Thomas Zehetmair e a Orquestra de Câmara da Osesp (5/6), e as apresentações dos Solistas da Osesp em maio (flauta, viola e harpa) e novembro ("Octeto" de Schubert).

    Do Quarteto Osesp -hoje um dos melhores do Brasil- há pelo menos dois imperdíveis: o op.1 de Haydn e o "Quarteto n.2" de Bartók ao lado do "Quarteto n.1" de Norbert Palej (12/6); e obras de Dutilleux, Villa-Lobos e Bartók (11/9).

    Na véspera do início de uma nova temporada, porém, apenas o seu conceito está em cogitação. Afinal, não há como avaliar um concerto até que ele termine (a crítica é sempre a posteriori). Música é performance, e ela começa com força total amanhã.

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