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    Herdeiros de marchand querem reaver obras de Edgar Degas hoje no Masp

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    24/03/2016 02h15

    Herdeiros de um marchand judeu tentam há três anos reaver cinco esculturas de Edgar Degas hoje no acervo do Masp.

    De acordo com seus advogados, essas obras foram roubadas da coleção de Alfred Flechtheim, que deixou Berlim, fugindo da perseguição nazista, em maio de 1933, e se exilou em Londres, onde morreu quatro anos depois.

    Em 1952, o museu paulistano comprou um conjunto de 73 bronzes de Degas da galeria Marlborough, na capital britânica, entre eles as obras que teriam sido do alemão. Duas das cinco peças no Masp ainda têm na base resquícios de etiquetas da antiga galeria de Flechtheim, o que indica que em algum momento as obras pertenceram a ele.

    Divulgação
    Edgar Degas, Bailarina que se adianta, com os braços para o alto e a perna direita recolhida, 1919-1932, Bronze (tuttodonto), acervo do MASP. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** Edgar Degas, Bailarina vestida, descansando, com as mãos nos quadris e a perna direita para a frente, 1919-1932, Bronze (tuttodonto), acervo do MASP. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** Edgar Degas, Mulher se penteando, Bronze (tuttodonto), 1919-1932, 46 x 25 x 16,9 cm, acervo do MASP. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** Edgar Degas, Mulher saindo da banheira (Fragmento), 1919- 1932, bronze (tuttodonto), acervo do MASP Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Esculturas de Degas que estão no acervo do museu desde os anos 1950 e agora são alvo de disputa

    Há três anos, advogados da família pediram em carta a devolução das peças avaliadas em R$ 11 milhões ao Masp –o caso foi revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

    "Temos certeza de que ele comprou 75 obras de Degas, vendeu muitas delas e guardou outras", diz Markus Stötzel, advogado dos herdeiros. "Fotografias de seu apartamento em Berlim nos anos 1920 mostram esculturas idênticas às do Masp, e sabemos que duas delas ainda têm os adesivos de sua galeria."

    Em 2013, dois meses depois de receber a carta de Stötzel, o advogado Luiz Fernando Henry Sant'Anna, que então defendia o Masp, escreveu de volta dizendo que o museu comprou as obras citadas dentro da legalidade e que era "proprietário indubitável" das peças.

    Stötzel reconhece que não há provas que as obras tenham sido roubadas nem que Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand, fundadores do museu, soubessem de sua procedência duvidosa, mas diz que no imediato pós-Guerra era comum acervos de judeus serem desmembrados.

    Ele também questiona o comportamento de Chateaubriand. "É algo sabido que ele tinha um caráter ambíguo."

    Juliana Sá, hoje à frente do departamento jurídico do Masp, diz que o museu não recebeu até o momento qualquer notificação judicial, apenas "cartas vazias". "Não posso abrir mão de uma escultura de Degas porque recebi uma carta de uma família que diz que tem direito sobre a obra", diz a advogada. "Não há nenhum tipo de prova e seria temerário abrir essa exceção."

    De acordo com Sá, outras quatro famílias acionaram o Masp nos últimos anos tentando reaver trabalhos. O último caso é o dos herdeiros do banqueiro alemão Oscar Wassermann, que seria o dono legítimo de "O Casamento Desigual", tela do século 16 pintada por um discípulo do artista flamengo Quentin Matsys. O caso segue sem solução.

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