• Ilustrada

    Monday, 29-Apr-2024 02:42:43 -03

    Para sociólogo ecossocialista, somos 'passageiros de um trem suicida'

    NATÁLIA PORTINARI
    DE SÃO PAULO

    02/04/2016 03h40

    Para o sociólogo Michael Löwy, os socialistas brasileiros devem escolher o caminho do meio: serem contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, sem, necessariamente, apoiarem o PT.

    "Não há contradição entre defender a democracia contra ofensivas reacionárias, fundamentalmente antidemocráticas, e combater as políticas neoliberais do governo", diz, em entrevista à Folha.

    Para ele, o movimento que propõe a saída de Dilma Rousseff carece de legitimidade, mas o governo também já não corresponde aos ideais de esquerda da origem do PT.

    Claudio Belli/Valor/Folhapress
    Data: 13/10/2014 Editoria: Brasil Reporter: Vanessa Jurgenfeld Local: Sao Paulo Setor: Sociologia Pauta: Entrevista com o sociologo Michael Lowy Personagem: Michael Lowy, sociologo Tags: sociologia, sociologo, economia, Michael Lowy, estudioso, livros, livro Fotos: Claudio Belli/Valor ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
    O sociólogo paulista Michael Löwy, radicado em Paris desde 1969

    A obra de Löwy, que defende o "ecossocialismo", é tema do livro "Michael Löwy: Marxismo e Crítica da Modernidade", do também sociólogo Fábio Mascaro Querido, pesquisador da Unicamp.

    Löwy é um dos expoentes da geração de estudantes de Marx dos anos 1960 na USP, assim como Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes e Roberto Schwarz. De origem paulista, mora na França desde 1969.

    Seu último lançamento foi "A Jaula de Aço" (Boitempo, 2014). O título é uma referência a como Max Weber descreveu o capitalismo. Fugindo da classificação de "marxista", Löwy se diz "anticapitalista".

    "O marxismo não tem vocação para ser um sistema fechado de dogmas", afirma. "Para que o marxismo e o socialismo se enriqueçam, é preciso que tenham contribuições dos movimentos sociais, ecologia, feminismo, indigenismo."

    Estudar Marx sem considerar esses conflitos de interesses é inútil, para Löwy. Por ter se afastado dessa realidade, a esquerda latino-americana se enfraqueceu, diz.

    "Os projetos ideais de sociedade, as utopias, são essenciais como bússola política. Mas só terão futuro se conseguirem se enraizar nas lutas concretas, aqui e agora, contra o sistema."

    Por isso, o sociólogo defende que o maior inimigo dos socialistas hoje não é o conservadorismo, e sim a crise ecológica do planeta.

    "Somos todos passageiros de um trem suicida que se chama civilização capitalista moderna", defende, citando Walter Benjamin, que defendia que a revolução é o "freio de emergência" no trem do progresso capitalista.

    Segundo Löwy, não há como salvar o meio ambiente sem acabar antes com o capitalismo.

    MICHAEL LÖWY: MARXISMO E CRÍTICA DA MODERNIDADE
    AUTOR Fábio Mascaro Querido
    EDITORA Boitempo
    QUANTO R$ 44

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024