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    crítica

    Tensão de 'Rua Cloverfield' resulta de mescla de referências e gêneros

    DOUGLAS LAMBERT
    DE SÃO PAULO

    07/04/2016 02h10

    "Rua Cloverfield, 10" é uma rara iguaria da cultura pop. Uma produção barata, bem dirigida, com um roteiro enxuto e ótimas atuações. Não se pode querer muito mais que isso.

    O filme conta a história de Michelle (Mary Elizabeth Winstead), uma estudante de moda que, após sofrer um acidente de carro, acorda algemada em um abrigo subterrâneo. Seu captor, um devoto das teorias de conspiração (John Goodman), diz que ela foi resgatada da beira da estrada pouco antes de um grande ataque nuclear e que viver com ele naquele bunker é sua única opção.

    Essa premissa simples –o conflito entre os perigos do mundo exterior e os do cativeiro– não é novidade e já foi explorada, de uma forma ou de outra, inúmeras vezes. Está em histórias em quadrinho ("O Eternauta"), em jogos de videogame (a franquia "Fallout") e até mesmo no próprio cinema ("O Quarto de Jack").

    Assim, não é pela originalidade que "Rua Cloverfield, 10" se destaca, mas sim pela sua capacidade de mesclar tantas referências e gêneros em uma narrativa tensa e sempre interessante.

    CRIADOR E CRIATURA

    Comandado por um diretor estreante, Dan Trachtenberg, e produzido pela Bad Robot, do Midas moderno J.J. Abrams, pode parecer difícil julgar de quem é o mérito pela qualidade do filme. Afinal, não são poucos os casos em que jovens diretores são usados como marionetes por produtores experientes. No entanto, esse não parece ser o caso.

    Ocupado em relançar a franquia "Star Wars", Abrams deixou claro em inúmeras entrevistas que seu envolvimento com a produção foi pequeno e que grande parte da supervisão ficou a cargo de Lindsey Weber. Ela também é creditada por Trachtenberg como uma das responsáveis por ajudá-lo a entender a personagem de Mary Elizabeth Winstead.

    Essa honestidade em dar o devido crédito a todos os profissionais envolvidos parece mostrar que "Rua Cloverfield, 10" é o resultado de profissionais genuinamente dispostos a colaborar em prol de um bom filme. Com produções tão pasteurizadas e centradas em grandes nomes como nos dias de hoje, exemplos como esse pedem para serem saboreados cada vez mais.

    RUA CLOVERFIELD, 10 (10 Cloverfield Lane)
    DIREÇÃO Dan Trachtenberg
    ELENCO John Goodman, Mary Elizabeth Winstead e John Gallagher Jr.
    PRODUÇÃO EUA, 2016, 10 anos

    Edição impressa

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